Os riscos de impor mais tributos

Se analisar ao longo da história, a carga de impostos quase sempre foi motivo de revolta popular, algumas vezes inclusive resultando em levantes, como a Revolução Francesa, ou até mesmo para ser mais próximo da nossa raiz, a Inconfidência Mineira. Séculos se passam, mas pouco muda nesse sentido, visto que o brasileiro ainda se sente injustiçado ao pagar tanto tributos, enquanto não pode contar com qualidade nos serviços públicos.

É praticamente impossível atualmente um gestor aplicar um novo imposto sem entrar em um processo de desgaste político. Primeiro que, culturalmente, são poucos que se orgulham de pagar imposto, segundo que existe, somado a isso, uma clara sensação de que se paga sem retorno, e terceiro é a possibilidade de uso político de grupos de oposição visando votos em um processo eleitoral seguinte.

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A taxa do lixo vem a provar mais uma vez essa situação, em que há uma clara situação de que o diálogo não se desenvolve. Por um lado, os municípios estão cheios de dívidas, por incompetência de seus gestores e pelo cenário econômico ainda pouco favorável. Por outro, não se pode ignorar o anseio do brasileiro, que passa por uma onda de desemprego, tem menos dinheiro em casa e ainda precisa pagar mais um imposto.

Em São Caetano, não houve diálogo, e sim muita truculência, inclusive da GCM (Guarda Civil Municipal), que chegou a agredir uma jornalista em pleno exercício legal de sua profissão. Mauá, por sua vez, não fecha as contas, sem alternativa para evitar um colapso no serviço de coleta e destinação de resíduos sólidos, em uma dívida crescente e ignorada irresponsavelmente pelos prefeitos que ali passaram, sem ao menos discutir um contrato que seja compatível à realidade financeira da cidade.

No fim, falta tudo: diálogo, retorno e bom senso.

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