Dois grafiteiros de Diadema, Edinho e Zoio, participam nos próximos dias 20, 21 e 22 de julho, na cidade de Serra (ES), do Festival Origraffes, evento internacional que reúne mais de 120 grafiteiros de todo o Brasil e de outros países.
Em sua terceira edição, o festival visa a troca de experiências entre artistas de segmentos diversos, entre eles DJs, MC’s e B.Boys. Ainda promove ações musicais, workshops, palestras e a pintura de murais coletivos nos quais os praticantes do graffiti vão demostrar técnica e criatividade.
Veteranos na arte de pintar muros e painéis, Edinho e Zoio também fazem parte do grupo de grafiteiros que integram o “Programa Bem-Viver”, ação realizada pela Prefeitura de Diadema que leva a arte do graffiti para dentro dos núcleos habitacionais. O projeto acontece por meio das secretarias de Cultura e Habitação e Desenvolvimento Urbano e já beneficiou quatro comunidades: Beira-Rio, Morro do Samba, Novo Habitat e Novo Iguassú.
Edson Jesus da Silva, Edinho, ressalta a importância ir ao evento capixaba. “É muito bom participar do festival porque, além da oportunidade de mostramos o nosso trabalho, também fazemos contato com pessoas de outros lugares, trocamos experiência e criamos novas amizades”, afirma Edinho que recentemente esteve no Acre e se prepara para outro evento de graffiti em Minas Gerais.
Desde pequeno Edinho é envolvido com a pintura. Autodidata, ele começou no ano de 1987, com a pichação. “Um dia, ao ver a minha mãe pintar um pano de prato, descobri que podia fazer desenhos vazados e, com isso, evitar a pichação que é uma coisa perigosa. A partir daí, eu aprendi a grafitar e também percebi que o que eu fazia era arte e que podia viver disso”, conta. O artista ressalta que ograffiti é tudo para ele. “É um estilo de vida. Eu durmo e acordo pensando em graffiti”, revela.
Quem também é autodidata e vive do graffiti é Felipe da Costa Cruz, que assina seus trabalhos como Zoio. Desde 2015, ele mexe com as latinhas de spray e aprendeu a grafitar pesquisando e vendo pessoas aplicando a técnica. Participante do Festival Origraffes pela primeira vez, ele está na expectativa que o evento lhe tarará novos aprendizados. ”O Festival para mim será uma oportunidade de mostrar meu trabalho e aprender novas técnicas. O graffiti evoluiu muito no Brasil e o contato com grafiteiros de lugares diferentes só acrescenta e permite a troca de experiência”, diz.
Assim como Edinho, Zoio também utiliza o desenho vazado para fazer suas pinturas. A técnica chamada de “Stencil Art” consiste em primeiro desenhar a figura a ser grafitada em um papel e com um estilete fazer o recorte e depois aplicá-lo na superfície em que será pintada.
Foi com essa técnica que os dois profissionais fizeram os grafites da Secretaria de Cultura no centro de Diadema. É de Zoio os desenhos, com figuras de índias, do cantor, entre outras, que estão na rampa de entrada da secretaria e de Edinho a figura de um jovem negro na lateral do palco da Casa da Música.
Busca de apoio – O Secretário de Cultura, Eduardo Minas, explica que artistas da cidade ao levarem seus trabalhos para outros locais também levam o nome de Diadema. Em razão disso, sua pasta buscou apoio juntos a parceiros para custear a viagem dos dois grafiteiros ao Espírito Santo. “Buscamos a ajuda porque a secretaria não tem recursos disponíveis e o momento de crise financeira afeta a todos”, explica.
O secretário ressalta que para o artista levar sua obra para outros lugares é muito enriquecedor e produtivo. “Neste caso, por exemplo, vamos mostrar a importância do graffiti produzido em Diadema e o trabalho criativo desses dois profissionais. Nossa cidade tem trabalho reconhecido por utilizarmos os elementos da Cultura Hip Hop com formação artística, de cidadania e de difusão e, por isso, temos vários talentos nessa área”, disse.
Ainda sobre graffiti, na próxima semana o grupo de artistas do “Programa Bem-Viver” fará pinturas no muro do prédio da segunda unidade da Fundação Florestan Fernandes, que fica na região central de Diadema.