A transferência do prefeito afastado de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), da superintendência regional da PF (Polícia Federal), em São Paulo, para penitenciária do Tremembé, interior paulista, foi visto como sinal verde para o grupo da prefeita em exercício Alaíde Damo (MDB) iniciar o controle total do governo. Dessa forma, exonerações de aliados do socialista podem ocorrer nos próximos dias.
Há 22 dias preso por meio da Operação Prato Feito, Atila ainda tinha controle no governo por meio de seu núcleo duro, representado pelo chefe de Gabinete Márcio de Souza e pelo superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Israel Aleixo (ambos do PSB). Também atuava como liderança da gestão o presidente da Câmara dos Vereadores e pai do prefeito, Admir Jacomussi (PRP).
Entretanto, a demora de Atila para sair da cadeia por meio de uma liminar de soltura junto ao pedido de habeas corpus passou a encorajar o clã Damo. Patriarca da família e ex-prefeito, Leonel Damo (sem partido) adotava anteriormente o tom de que o governo ainda pertencia ao socialista. Agora com o prefeito afastado na cela em Tremembé, o discurso a pessoas próximas é de que Mauá não pode ficar sem comando.
Algumas ações já foram tomadas, como o enfraquecimento político de Márcio de Souza na chefia de Gabinete, um dos primeiros da lista em futuras exonerações por parte do governo Damo, se Atila não conseguir a liberdade e retornar às funções de prefeito. Aleixo também não teria vida longa na Sama. Ao longo desta quarta-feira (30), houve especulações de que as exonerações de aliados do socialista foram colocadas em prática.
Os desligamentos de pessoas próximas a Atila começaram na Secretaria de Educação, sem comando desde terça-feira (29), com a exoneração de Fernando Coppola, o Xuxa, integrante do grupo político do ex-secretário de Obras José Carlos Orosco Júnior (PDT), ex-genro de Alaíde. O pedetista tem relação à distância com a família Damo, desde a separação com a ex-deputada estadual Vanessa Damo (MDB).
Mesmo sendo obrigada deixar o comando das secretarias de Relações Institucionais e Governo (de forma interina), Vanessa segue com forte influência na gestão da mãe. A emedebista se antecipou à decisão do juiz da 3º Vara da Fazenda Pública de Mauá Thiago Elias Massad, que concedeu a liminar contra a ex-parlamentar para sua saída no primeiro escalão, por estar inelegível até 2020 (leia mais).
Com aval dos Damo, todos os aliados de Orosco deixaram o governo, entre eles, Gilberto João de Oliveira do comando da Secretaria de Obras, e Anderson Alves Simões (MDB), conhecido como Sargento Simões, da superintendência da Hurbam (Habitação Popular e Urbanização de Mauá). Dessa forma, o próximo alvo passa a ser o grupo político de Atila.
Também já se discute o secretariado do governo Alaíde, entre eles, Antônio Carlos Lima (PRTB), sobrinho de Leonel e Alaíde. O único cenário que poderia reverter o quadro seria se o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes concedesse a liminar de soltura a Atila, o que até o momento não ocorreu. O prefeito foi preso no dia 9 pela PF devido à apreensão de R$ 87 mil em novas vivas, sem origem clara.