Os cerca de 400 postos de combustíveis localizados nas sete cidades da região acumulam perdas significativas, de pelo menos 18 milhões de litros entre gasolina, álcool e diesel, que deixaram de ser vendidos com a greve dos caminhoneiros, iniciada em 21 de maio. A projeção é do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABC), que estima comercialização de 90 milhões de litros ao mês.
A situação dos postos começou a se agravar a partir da quinta-feira passada (24), quando muitos já não tinham mais o produto. De lá pra cá a população vivenciou uma situação difícil com imensas filas nos poucos estabelecimentos que ainda ofereciam combustível. A maior parte, no entanto, viu as bombas secarem por conta do término dos estoques.
De acordo com a entidade, um posto vende, em média, cerca de seis mil litros de combustíveis por dia. Mas os prejuízos para os proprietários vão além da falta do produto, já que também devem ser contabilizados os custos fixos. Neste caso para cada endereço são cerca de R$ 3 mil por dia com funcionários, impostos, água e luz, por exemplo. Levando em conta os cinco dias em que todos os estabelecimentos ficaram parados, de 24 a 28 de maio, o prejuízo já atinge a casa dos R$ 6 milhões em todos os postos.
“A perda está em 18 milhões de litros só para se ter uma ideia do tamanho da grandeza. E ai todo mundo perde. E para voltar à normalidade do abastecimento nos estoques, ainda vai uma semana”, disse o presidente do Regran, Wagner de Souza, ao acrescentar que no decorrer desta terça-feira (29) cerca de 50 postos da região foram abastecidos com o retorno da entrega do produto.
Foi o caso do Auto Posto Ramalhão (foto), da bandeira Ipiranga, na rua Coronel Seabra, Vila Marina, em Santo André. O estabelecimento recebeu 10 mil litros de gasolina, sendo 5 mil aditivada, nesta terça-feira (29), às 9h. “Às 13h já não tinha mais nada. E ainda tem fila de carros aguardando, mas só devemos receber novamente nesta quarta-feira”, disse a gerente Viviana Manzotti, que espera ter a situação regularizada até a próxima sexta-feira (1/6). No local a gasolina foi vendida a R$ 4.49 (aditivada) e R$ 4.29 (comum).
O posto Ipiranga do Bairro Assunção, na avenida João Firmino, em São Bernardo informou que recebeu somente gasolina, por volta das 15h30 desta terça. Ao todo foram 10 mil litros, no entanto, uma hora depois, o produto já estava praticamente esgotado, mas com registro de fila imensa e sem previsão de quando o produto chegará novamente. O posto está vendendo o litro da gasolina a R$ 4.34.
Depredação
A luta para conseguir abastecer chegou a sair do controle na segunda-feira (28), no posto BR da avenida Lions com Senador Vergueiro, em Rudge Ramos, São Bernardo. A alegação dos motoristas que abasteceram, após enfrentarem enormes filas, é de que o produto estaria adulterado. O assunto, inclusive, viralizou nas redes sociais.
O resultado não é nada animador para o proprietário. Foram diversos danos, entre eles, esvaziamento de óleo de motor e fluídos de freios, bombas danificadas, área de caixa (onde ficam máquinas de cartões) destruídas, área de troca de óleo avariada, bem como a frente da loja de conveniência. Muito lixo ficou espalhado pelo estabelecimento até a chegada da Polícia Militar, que isolou a área e controlou a situação.
Procurada, a Polícia Civil esclarece, por meio da Secretaria de Segurança Pública do Estado, que a depredação ao posto e a suposta adulteração de combustível foram registradas na DISE de São Bernardo. A unidade já investigava o estabelecimento por adulteração combustível e a ocorrência será anexada ao inquérito. A equipe segue em diligências para identificação de todos os envolvidos e deve ouvir, em breve, algumas testemunhas. Uma equipe do Instituto de Criminalística compareceu ao local e apreendeu gasolina retirada da bomba para perícia. A polícia aguarda os laudos.