Ibovespa fecha em baixa de 0,92% puxada por ações da Petrobras

As ações da Petrobras foram o principal destaque nesta quinta-feira, 24, na Bolsa brasileira. A dificuldade do governo em lidar com a greve dos caminhoneiros atingiu diretamente os preços dos papéis, que caíram com força, em reflexo dos temores de um retorno aos tempos da ingerência governamental na política de preços da estatal. O Índice Bovespa, que chegou a cair 2,28% nos momentos mais tensos do dia, terminou o pregão em queda de 0,92%, aos 80.122,30 pontos. Os negócios somaram R$ 16,2 bilhões.

Responsáveis por 11,8% da carteira teórica do Ibovespa e por cerca de 36% do volume de negócios realizados hoje na B3, Petrobras ON e PN caíram 14,55% e 13,71%, sendo, portanto, determinantes para a queda da Bolsa. No acumulado da semana, esses dois papéis contabilizam perdas de 22,94% e 21,58%, respectivamente. Apesar dos momentos de nervosismo e zeragem de posições, alguns operadores observaram diversas compras de oportunidade sendo executadas por investidores de longo prazo, como fundos de pensão.

Newsletter RD

O grande motivador das ordens de venda foi a decisão da Petrobras de anunciar a redução dos preços do diesel em 10%, pelo prazo de 15 dias. Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira à noite, o presidente da estatal, Pedro Parente, assumiu para a empresa a responsabilidade na tomada de decisão, descartando influência do governo. Mas essa não foi a leitura dos investidores, que minutos depois já começavam a se desfazer dos ADRs da companhia negociadas nas bolsas de Nova York.

Mais que o impacto da medidas no caixa da Petrobras e no campo fiscal, preocupa o mercado o aumento do risco imputado à empresa, que vinha sendo reduzido ao longo dos dois anos em que Parente está à frente da companhia. Para aumentar o mau humor dos investidores, a medida anunciada não foi capaz de abrir caminho para a trégua pedida ontem pelo presidente Michel Temer.

“O maior risco da Petrobras é o controle estatal. É esse risco que está pesando sobre as ações da empresa: o risco de se voltar a haver influência do governo nos preços da companhia”, disse Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante Investimentos.

“É um momento muito ruim, mas pode ser também um momento de exagero, de pânico. Os fundamentos para a empresa seguem positivos. A solução do impasse pode levar as ações de volta à normalidade, mas por enquanto os desdobramentos seguem imprevisíveis”, disse.

Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a perder o suporte gráfico dos 79.600 pontos, atingindo os 79.027 pontos. Enquanto as ações da Petrobras recuavam com força, os papéis da BRF subiram 6,40% e lideraram as altas do Ibovespa, refletindo especulações sobre o futuro de Pedro Parente, que preside o Conselho de Administração da companhia de alimentos.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes