Cenário externo continua a alimentar alta do dólar

A interrupção da queda da Selic não foi suficiente para conter o dólar nesta quinta-feira, 17, com o cenário externo definindo mais um dia de valorização da moeda americana – embora a movimentação continue acompanhando a tendência global.

O dólar à vista fechou cotado a R$ 3,6994, em alta de 0,65%, maior valor desde 16 de março de 2016, quando encerrou o dia a R$ 3,7426 – naquele dia, a crise pré-impeachment da presidente Dilma estava praticamente no auge, com a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.

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Durante o dia, a divisa oscilou entre a mínima de R$ 3,6544 (-0,57%), após a abertura e a máxima de R$ 3,7130 (+0,83%). O giro ficou em cerca de US$ 1,2 bilhão. Já o dólar para junho, perto das 17h05, subia 0,71%, a R$ 3,7065, com perto de US$ 21,7 bilhões negociados.

Marcos De Callis, estrategista de private banking do Banco Votorantim, afirma que não é possível criticar a atitude mais cautelosa do Banco Central, “mas a forma dele de se comunicar com o mercado antes de anunciar a decisão induziu muita gente a erro”, afirmou ele, referindo-se ao discurso das últimas semanas de Ilan Goldfajn, presidente do BC, no qual reforçou que havia espaço para novo corte da Selic.

Mas De Callis destaca que, aparentemente, de uma semana para cá, houve uma mudança relevante sobre a percepção de risco para emergentes, nesse novo cenário global de apreciação da moeda americana. Essa percepção, na avaliação do especialista, ficou mais explícita na comunicação de quarta-feira do BC. “Sabemos que quando sobe a percepção de risco para emergentes, o canal de transmissão disso é o câmbio”, afirmou. Ele destaca que, apesar dos problemas internos no Brasil, como o ajuste fiscal e as eleições, os emergentes, em bloco, estão sendo enxergados com risco maior pelos investidores – isso também razão para a forte queda das blue chips na bolsa hoje.

Após o anúncio de quarta-feira do Copom, o mercado esperava que o dólar até poderia devolver um pouco da valorização ante o real, mas só se o cenário externo colaborasse, o que não aconteceu. O dólar teve dia de alta em relação a outras moedas emergentes e os juros americanos continuaram em alta – o de 10 anos subia, às 17h, 0,39%, para 3,109%; e o de 30 anos avançava 0,92%, para 3,2472%. No mesmo horário, a moeda americana ante o rublo avançava 0,77%; ante o peso mexicano (+0,76%); ante o peso chileno (+0,25%); frente ao rand (+1,27%); e ao dólar australiano (+0,10%).

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