Superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Israel Aleixo (PSB) afirmou ao RDtv, nesta terça-feira (15), que a prisão do prefeito Atila Jacomussi (PSB) pela PF (Polícia Federal) foi um equívoco, devido às ações do secretário de Governo e de Transportes, João Gaspar (PCdoB), igualmente detido. O chefe da autarquia também mirou ataques ao PT e ao ex-prefeito Donisete Braga (Pros).
Integrante do núcleo duro do prefeito, Aleixo confirmou a apreensão de R$ 87 mil em notas vivas pelos agentes federais no dia 9, pela Operação Prato Feito, o que resultou na condução à superintendência regional da PF, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, onde permanece até o momento. No entanto, o superintendente assegurou que o prefeito explicou a origem do dinheiro e foi por livre e espontânea vontade à Capital.
Segundo Aleixo, o problema para prisão de Atila seria Gaspar (exonerado a partir desta quarta-feira), que em sua casa alugada, teve de explicar a origem de R$ 588,4 mil e € 2,9 mil. O articulador político do prefeito também foi levado à sede da PF e se encontra preso desde então. Ambos são citados na investigação que aponta a atuação de grupos criminosos responsáveis por fraudes em merendas, uniformes escolares e materiais didáticos em 30 prefeituras pelo Estado.
O superintendente afirmou que Atila foi por conta própria, sem algemas e condução coercitiva, à sede da PF. “Infelizmente, por uma visão equivocada da PF, eles (agentes federais) querem fazer uma ligação que não existe entre o que foi apreendido em uma residência e outra. E é absurdo culpar uma pessoa pela conduta de outra. Então a PF mistura as condutas do prefeito ao seu secretário”, descreveu.
O aliado voltou a reforçar a inocência de Atila, que teve prisão preventiva decretada pela TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) na semana passada. Para que possa responder em liberdade, o advogado do prefeito Daniel Bialski está em Brasília, onde tenta convencer o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Rogério Schietti a conceder habeas corpus nesta quarta-feira (17).
Oportunismo
Presente na sessão desta terça-feira no Parlamento, Aleixo testemunhou a vitória do governo, com a base aliada enterrando o pedido pela abertura de processo de impeachment de Atila, protocolado pelo PT um dia antes, por 20 votos a um. O superintendente da Sama avaliou que o placar foi um gesto de confiança dos vereadores quanto à inocência do prefeito.
Com a vitória, o aliado do prefeito classificou o pedido de cassação como “oportunismo do PT”. “Eles (petistas) querem tirar proveito político da situação. Isso é irresponsável. O PT governou Mauá por 16 anos e por 16 anos abandonou a cidade. E é bom esclarecer que o partido não adentrou no mérito da questão, que são contratos firmados pela gestão petista em 2015 pelo ex-prefeito Donisete Braga, quando estava no PT”, disse.
Aleixo se refere ao contrato com a empresa Le Garçon Alimentação, para o fornecimento de kit lanche em Mauá. A empresa pertence a Fábio Favaretto, um dos integrantes da organização criminosa apontada pela PF e que recebeu mais de R$ 5 milhões na gestão Donisete. O investigado citou, em áudios da Operação Prato Feito, que bancou a viagem do ex-prefeito e familiares à Walt Disney World, o que é negado pelo ex-petista.
Donisete Braga
A pessoa de confiança de Atila também não poupou Donisete, citado na investigação da PF. “A casa do Donisete Braga também foi alvo da PF. Aliás, é bom a população de Mauá saber que não há nada nos autos que incrimine o prefeito Atila Jacomussi, ao contrário do Donisete, onde há diversas conversas e viagens aos Estados Unidos bancada por pessoas investigadas, inclusive, com pedido de prisão provisória”, afirmou.
Para dar o mesmo espaço para defesa, Donisete é esperado pelo RDtv nesta quarta-feira (17), a partir das 19h30.