Com o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), preso na superintendência regional da PF (Polícia Federal), na Lapa, zona oeste de São Paulo, o PT protocolará nesta segunda-feira (14) o pedido de impeachment do socialista na Câmara dos Vereadores. Curiosamente, o Legislativo é presidido por Admir Jacomussi (PRP), pai do chefe do Executivo, encarcerado pelos desdobramentos da Operação Prato Feito.
O estopim para oposição articular o pedido de impeachment do prefeito ocorreu nesta sexta-feira (11), após o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) decretar a prisão preventiva de Atila e do secretário de Governo e de Transportes, João Gaspar (PCdoB), detido no mesmo local (leia mais). Ambos são suspeitos de lavagem de dinheiro, pela apreensão de notas não declaradas em suas residências pela PF.
Atila teve receptada pela PF a quantia de R$ 85 mil em espécie não declarados, enquanto Gaspar teve a apreensão de R$ 588,4 mil e mais € 2,9 mil (euros), montante que totaliza R$ 601,2 mil, nesta quarta-feira (9). Como prefeito e secretário não conseguiram explicar a origem desse dinheiro aos agentes federais, ambos foram levados à sede da PF e desde então estão atrás das grades.
“O prefeito Atila não tem mais condições de governar a cidade, ainda pior na situação que se encontra: preso. A melhor coisa que ele poderia fazer era renunciar o cargo de prefeito, seria mais honroso. Mas vamos entrar nas primeiras horas da segunda-feira com pedido de impeachment e defender a população contra essa corrupção que foi instalada na Prefeitura”, afirma o presidente do PT de Mauá, Júnior Getúlio.
A decisão de protocolar o pedido de impeachment foi aprovada pela comissão executiva do PT de Mauá, em reunião realizada na tarde deste sábado (12/05). O documento será entregue às 13h no Parlamento, alegando que o prefeito está envolvido em desvios de recursos da União, que seriam destinados ao fornecimento da merenda escolar no município. Os dirigentes petistas vão se reunir no gabinete do vereador Marcelo Oliveira (PT).
Pelas ruas de Mauá neste sábado (12), o protesto contra Atila se misturou com a manifestação pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na superintendência da PF em Curitiba (Paraná), desde 7 de abril. A maior liderança do PT cumpre pena de 12 anos e um mês de reclusão na Operação Lava Jato, pelo caso do triplex em Guarujá, litoral paulista.
Presente no ato, o presidente estadual do PT e pré-candidato ao governo paulista Luiz Marinho também fez coro pela destituição de Atila. “O prefeito aqui está em uma situação complicada, por aprontar com os alimentos das criancinhas. Portanto, acho que temos que refletir sobre o impeachment do Atila, porque a cidade não pode ficar desse jeito”, disse.
Resistência
Pai de Atila, Admir deve ser a maior resistência no Parlamento ao pedido de impeachment de seu filho. No entanto, vereadores já cogitam a posse da vice-prefeita, Alaide Damo (MDB), enquanto o socialista segue encarcerado na PF. Outra situação pode ocorrer ao longo da semana, com a Justiça notificando o Parlamento para alçar a número dois do Paço no comando do governo.