Com o objetivo de incentivar a produção de cervejas caseiras, o ABC se prepara para sediar mais uma edição do Prêmio ÉCerva!. O concurso, que chega ao terceiro ano, está com inscrições abertas e aposta numa maior visibilidade devido ao envolvimento de parceiros e patrocinadores. A expectativa é superar a marca de 100 inscritos até 18 de junho, prazo final também para entrega das amostras nos pontos de coleta (brew shops).
Segundo Ali El Khouwayer, organizador do concurso, o mercado de cervejas artesanais tem se destacado cada vez mais na região. A estimativa é de que hoje pelo menos 700 produtores atuem no ABC. “O objetivo é fomentar a iniciativa cervejeira no ABC. Essa cultura vem de algum tempo e está se estabelecendo há uns três anos e meio por aqui. Com isso, o concurso vem estimular o aprimoramento técnico dos cervejeiros e a qualidade do produto”, explica.
Os interessados em participar do 3º Prêmio ÉCerva! devem produzir quatro amostras de cerveja (garrafas de 600 ml), de acordo com um dos estilos em avaliação: India Pale Ale, American Pale Ale, Stout, Weissbier, Sour ou Livre (qualquer um que não seja das categorias anteriores). Especialistas com titulação pelo BJCP (Beer Judge Certification Program) e beer sommeliers vão avaliar a qualidade do material entregue, em quesitos, como aroma, sabor e cor das cervejas, a partir de critérios técnicos. “É uma boa oportunidade do cervejeiro caseiro ter um feedback sobre o que ele tem produzido”, detalha Fabio Tadeu Mathias, um dos juízes do ÉCerva!.
Após seis anos como cervejeiro caseiro, em Santo André, Mathias se tornou, há um ano, dono de uma cervejaria cigana (fornecedor de cerveja artesanal). Filipe Martins Nunes, também morador na cidade, se define como um autodidata e diz que a sedução nesse universo é justamente a variedade de estilos. “Essa é a arte do negócio. Tem para quem gosta de algo mais amargo ou mais leve. Mas a maioria dos cervejeiros gosta de ousar, de fazer coisas diferentes”, comenta.
O fato de gostar de cervejas artesanais aproximou Nunes, Mathias e tantos outros cervejeiros do ABC – além dos apreciadores da bebida. “Os grupos são uma forma de aproximação, inicialmente pelas redes sociais, partindo depois para a troca de cervejas”, conta Nunes, que há dois anos desenvolve as próprias receitas. “Com tantos grupos, mestres cervejeiros, cursos, lojas que fornecem insumos e microcervejarias já estava na hora de a região ter uma premiação do gênero. É a primeira e única do ABC”, completa El Khouwayer.
Processo de escolha
O julgamento da melhor cerveja será feito por juízes e por estilo de produto, entre os dias 23 de junho e 28 de julho. O melhor produto em cada estilo será submetido no dia 4 de agosto, no clube ABR Cofap Magneti Marelli, em Mauá, a uma nova mesa julgadora.
No dia 5 de agosto, no mesmo clube, será conhecida a cerveja campeã entre todos os estilos. Como prêmio, a receita ‘campeã das campeãs’ será produzida em caráter industrial na Cervejaria BeerGod e comercializada com o rótulo de Melhor Cerveja Artesanal de 2018 pelo Prêmio ÉCerva!.
Os cervejeiros autores das três melhores receitas em cada estilo também serão premiados com medalha, participação e insumos, conforme a colocação, mas no dia 4 de agosto.
Para participar o candidato deve pagar taxa de R$ 50. Mais informações e o regulamento do concurso estão no site www.ecervacervejeiros.com.br.
Brasil sem números
Não só o ABC, mas todo o Brasil carece de números precisos sobre o setor de cervejaria. A representatividade das artesanais na produção total de cerveja é atribuída a 1% do mercado nacional. Todavia, a projeção de crescimento é considerável, de acordo com Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O Brasil tinha 610 cervejarias em junho de 2017, quando foram concedidos 91 novos registros no período. Em 2007, eram apenas 100 cervejarias no Brasil – portanto, a indústria de cerveja cresceu seis vezes em 10 anos. No entanto, o número de produtores brasileiros é ainda maior, pois as cervejarias ciganas (quando o proprietário desenvolve as receitas, mas não possui fábrica própria e terceiriza a produção) não entram na conta.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), as cervejas especiais – que incluem as importadas, as industriais de categoria premium e as artesanais – ocupam 5% do mercado. A previsão é dobrar o número de vendas nos próximos cinco anos.