Secretário de Cultura de São Caetano, João Manoel da Costa Neto (PSDB) defendeu a escolha da Sala São Paulo, na região central da Capital, como palco dos festejos dos 50 anos da Fundação das Artes de São Caetano do Sul. O responsável pela Pasta negou que não promova diálogo com a classe artística da cidade, que em parte solicita a sua exoneração ao prefeito José Auricchio Júnior (PSDB).
Fundada em 25 de abril de 1968, na primeira das três gestões do ex-prefeito Walter Braido, falecido em 2008, a Fundação das Artes chega a meio século de vida com racha entre a ala artística da cidade e a Secretaria de Cultura. Professores reclamam da defasagem salarial e integrantes do setor atrelam às condições precárias dos teatros municipais na escolha dos festejos em São Paulo, em vez de São Caetano.
“A Sala São Paulo é a maior sala de espetáculos musicais da América Latina e isso é um prestígio grande aos professores e alunos. Então se tivéssemos descentralizando o evento de São Caetano a uma cidade próxima para um teatro que não tivesse espaço com característica para abrigar um espetáculo de música, talvez nós estivéssemos cometendo algum pecado, mas não é um caso”, justificou João Manoel.
João Manoel minimizou queixas do aniversário de uma das principais instituições culturais de São Caetano não ocorrer na cidade, ao citar que a Sala São Paulo pode comportar 1,4 mil espectadores. O secretário disse ainda que o calendário de festejos ocorre entre esta segunda-feira (23) até domingo (29), com eventos pelo município. As atrações com locais e datas estão disponíveis no site da Fundação das Artes (link).
Na Sala São Paulo, estão previstos a partir das 19h30, concertos com a Orquestra Jovem, Big Band Salada Mista, Cameratas de Cordas, Grupo de Percussão e Coro de Repertório, com músicos convidados da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) e participação especial do cantor João Bosco. Os ingressos são gratuitos e alunos da Fundação das Artes terão ônibus a partir das 18h na instituição.
Pressão
O secretário de Cultura é alvo de forte pressão do Coletivo de Artistas de São Caetano, que o acusa de “arrogante, ao promover a falta de diálogo e realizar ameaças e coação” aos profissionais da área. O grupo entregou uma carta a Auricchio, solicitando a sua exoneração. João Manoel, por sua vez, defendeu-se da crítica e afirmou que promove conversas abertas com representantes do setor cultural.
“Talvez sejam divergências de opiniões que devem ser respeitadas em um estado democrático de direito. Estou como secretário pela confiança do prefeito José Auricchio e pelos serviços prestados à Cultura, onde fiquei 11 anos nesse setor pelo Estado. E tenho recebido bastante o pessoal da classe artística que deseja fazer contribuições”, pontuou o secretário.
Um possível estopim foi a ausência de João Manoel na 4ª Conferência Municipal de Cultura, em março, para votação do Plano Municipal de Cultura, a ser encaminhado para apreciação na Câmara dos Vereadores. O responsável pela Pasta estava em um cruzeiro durante a plenária, o que indignou integrantes do segmento.
“A parte da (4ª) Conferência é um assunto que foi tratado com grande proximidade com o Coletivo de Artistas. De fato, ausentei-me no dia do encontro, mas essa conferência não se resumida em um dia. Tivemos 15 encontros prévios, dos quais participei de todos. E o Conselho Municipal de Cultura marcou uma reunião extraordinária na semana seguinte, e abri a palavra a todos, dentro e fora da ordem de inscrição”, disse.
João Manoel reconheceu os estados de deterioração de alguns equipamentos públicos no setor cultural, citando como exemplo a Estação Jovem, e que medidas estão previstas para sanar o problema. O secretário complementou que tratou todas as reclamações do segmento a ele com Auricchio e, que por ora, segue com a confiança do prefeito para a continuidade dos trabalhos na Pasta.