Recém-integrado ao Pros, o ex-prefeito de Mauá Donisete Braga afirmou, em entrevista ao RDtv nesta quarta-feira (11), que não mudará a sua postura de oposição ao governo do sucessor Atila Jacomussi (PSB), mesmo com o novo partido presente na base aliada do Paço. O ex-petista também admitiu que pode subir ao palanque do atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que buscará reeleição em outubro.
Donisete se desfiliou do PT na semana passada, no fim do prazo eleitoral para transferência partidária. Entre conversas com legendas como o Podemos, PRB, PTB e PSD, o ex-petista optou pelo Pros. Curiosamente, a legenda conta com um vereador no Legislativo, Severino do MSTU, que integra a base de sustentação de Atila.
“O Pros é muito maior do que essa situação de oposição ao governo Atila. Tomei a iniciativa de chamar o Severino e informei a ele que iriamos assumir a direção municipal, que inicialmente será provisória, mas vamos trabalhar para que futuramente seja efetiva. E enquanto isso, a gente vai dialogar com o vereador, que foi eleito pelo Pros na minha campanha (pela reeleição em 2016)”, avaliou.
O ex-prefeito novamente fez duras críticas a Atila, ao citar que seu antecessor não cumpriu a maior parte das promessas feitas em campanha, durante a eleição de 2016. Donisete criticou a criação de cargos na máquina pública, a constante troca de secretários, além das crises na Saúde e no abastecimento de água no município, devido à redução de vazão da Sabesp (Companhia de Saneamento Ambiental de São Paulo).
“A população teve majorado o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), neste mês receberá a taxa do lixo na conta de água, enquanto a Saúde é um descaso total, como os corredores do (Hospital de Clínicas Doutor Radamés) Nardini cheio (de pacientes) e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Barão de Mauá com a ordem de serviço assinada após seis meses fechada. Portanto, não vou deixar de falar isso, porque estou no Pros”, disse.
Em seguida, Donisete culpou Atila pelo problema de abastecimento de água na cidade. “Todo o dia falta água em Mauá. O mauaense paga a conta de água em dia, mas ele (Atila) não paga à Sabesp. E ele espertamente acusa o (ex-governador) Geraldo Alckmin (PSDB). E na minha época como prefeito, tivemos duas crises, como o rompimento da adutora Sapopemba e quando estourou a adutora Barão de Mauá, além da própria crise hídrica (na Região Metropolitana de São Paulo em 2015)”, citou.
Deputado federal
Com a candidatura a deputado federal em vista, Donisete avaliou que optou por buscar uma cadeira no Congresso Nacional por ter maior facilidade em composições e dobradas com postulantes a deputado estadual. “A partir dessa nova etapa no Pros, quero com a minha candidatura um sentimento de fortalecer os sete municípios do ABC. Então o meu pensamento é que a região faça valer a sua força (em Brasília)”, pontuou.
Saída do PT
Com quase três décadas no PT, Donisete assegurou que saiu do partido pela porta da frente e dialogou com lideranças petistas em Mauá e com o presidente estadual da sigla e pré-candidato ao governo paulista Luiz Marinho. O futuro postulante à Câmara dos Deputados garantiu que não motivará desfiliações de pessoas ligadas ao seu grupo político na antiga legenda.
“A história não se apaga. A minha personalidade e minha luta nas políticas públicas na geração de emprego e crescimento econômico da nossa região são bandeiras que jamais deixarei em segundo plano. E não terei qualquer iniciativa para haver desfiliação em massa (no PT), muito pelo contrário. Na segunda-feira (9), fiz uma grande reunião (com meu grupo político), em que ficou decidido que uma parte segue no PT e outra vai se desfiliar do partido”, ponderou.
Por outro lado, Donisete não escondeu que o fato do PT de Mauá definir as candidaturas do ex-prefeito Oswaldo Dias para deputado estadual e do vereador Marcelo Oliveira a deputado federal pesou na sua decisão de deixar o petismo. “Já disputei a eleição para deputado estadual com duas candidaturas do PT em Mauá. E naquela oportunidade, em um outro momento, já foi difícil. Então imagine no atual contexto com duas candidaturas do PT em Mauá… Não haverá êxito”, projetou.
Márcio França
Mesmo com relação próxima a Marinho, Donisete não descartou subir no palanque de França na corrida pelo comando do Palácio dos Bandeirantes. “O Pros terá uma reunião na próxima semana. Há uma tendência de apoiar o Márcio França ao governo do Estado. E se pegar o PSB em nível nacional, sempre teve uma postura de estar junto com o (ex-)presidente Lula e com o PT. Então é um partido de esquerda”, completou.