Sob o slogan “É pra frente que se olha” no banner, o ex-secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC Fabio Palacio (foto) oficializou a filiação ao PSD, nesta quinta-feira (5), decidido a não alimentar, ao menos publicamente, o clima de acirramento político com o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB). A migração ao novo partido ocorreu após o PR, sua antiga casa, se aproximar do tucano.
Acompanhado pelo prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio, Orlando Morando (PSDB), Palacio atribuiu os novos ares para pavimentar a futura candidatura a deputado estadual ou a federal, devido à aproximação do PR a palanques, segundo ele mesmo, de esquerda. A alusão foi para o vice-governador Márcio França (PSB), que assume o comando do Palácio dos Bandeirantes nesta sexta-feira (6), com apoio da sigla pela reeleição.
Entretanto, a filiação de Palacio ocorreu em meio a jogadas de ataques e contra-ataques com Auricchio. Por um lado, o prefeito tomou o PR para o seu grupo e filou o próprio filho, Thiago Auricchio, que pode ser postulante a deputado estadual. Por outro lado, o ingresso do ex-secretário da entidade regional ao PSD fez o então presidente municipal da sigla e secretário de Serviços Urbanos, Iliomar Darronqui, deixar a agremiação.
Palacio negou que a saída do PR, sua casa partidária por 23 anos, tenha relação com atritos com o Palácio da Cerâmica. “De forma alguma, não tenho nada a reclamar do PR. Mas não posso pedir para um partido de nível nacional fazer uma política para me agradar daquilo que tenho em São Caetano como conduta. O partido sempre me apoiou e saí em comum acordo ao entregar a presidência (municipal) à executiva estadual”, disse.
Pelo PR, Palacio teve três mandatos como vereador em São Caetano e se candidatou ao governo municipal em 2016, ficando em terceiro nas urnas, atrás de Auricchio e do então prefeito Paulo Pinheiro (PMDB). Entretanto, as rusgas eleitorais entre o ex-parlamentar e o tucano não foram superadas desde o pleito municipal e os desdobramentos dessa fissura ocorrem até hoje.
Sobre os planos políticos, Palacio ainda migrará seu grupo político ao PSD e definirá se mira para Assembleia Legislativa ou para Câmara dos Deputados. Entretanto, o ex-vereador não escondeu a sua preferência. “A minha preferência é para ser (candidato a deputado) estadual, por ser mais próximo ao ABC. Mas essa não será uma decisão sozinha, e sim com o grupo político, com Orlando (Morando)”, avaliou.
Por ora, o PSD tem três candidaturas consolidadas no ABC, com apenas uma definição: o ex-secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego de Santo André Ailton Lima será candidato a deputado federal. Já Palácio e vice-prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, ainda deixam em aberto se vão mirar ao Parlamento paulista ou ao Congresso Nacional.
Tucanato
Ao longo da fala, Morando elogiou a passagem de Palacio no Consórcio e afirmou que “ficaria bastante desconfortável” se o aliado não estivesse no palanque do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), ao governo estadual, e do governador Geraldo Alckmin (PSDB), para presidência da República. Ambos os tucanos renunciam aos seus cargos nesta sexta-feira, pelo prazo eleitoral para desincompatibilização de cargos públicos.
A filiação de Thiago ao PR, tendo em vista a Assembleia Legislativa, e em uma dobrada com o deputado federal Alex Manente (PPS), que tenta reeleição, criou uma possível insatisfação do presidente do PSDB paulista e deputado estadual Pedro Tobias. Isso porque tanto PR como o PPS estão no arco de aliança de França, adversário de Doria na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.
“Acho que é um assunto a ser tratado em um momento oportuno. Tenho clareza que bate-boca entre políticos só serve para notícia de jornal e desconforto entre os políticos. O grande o desafio é saber quem levará a melhor proposta para sociedade”, despistou o prefeito.