Moradores e comerciantes que residem em Paranapiacaba, em Santo André, e adjacências estão preocupados com possibilidade de construção de um grande centro logístico voltado para armazenagem e distribuição de cargas no bairro Campo Grande. A empresa Fazenda Campo Grande Empreendimentos e Participações, responsável pela iniciativa, já deu entrada no pedido de licenciamento ambiental junto à Secretaria de Meio Ambiente do Estado e trabalha para obter as autorizações necessárias emitidas pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
O próximo passo será a realização de uma audiência pública, em 12 de abril, no Tênis Clube Santo André, para apresentação do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA) elaborado por equipe técnica especializada contratada pela empresa.
Mas é justamente a parte ambiental que tem preocupado a população local. A empresa alega que tem promovido encontros para apresentação do projeto, o último ocorreu no dia 26/3, em Paranapiacaba. No entanto, muitos estão desconfiados com a proposta e se mobilizam na tentativa de inviabilizar a ação.
“Avalio que o empreendimento não é viável ambientalmente, economicamente e socialmente, só privilegia um lado. Vai devastar uma área sensível, de proteção ambiental e de produção de água. Se compromete todo um ecossistema”, reclama José Soares da Silva, de Rio Grande da Serra. O morador esteve presente na reunião na última semana de março, mas reforça que a população de Rio Grande, em área de divisa, não recebe informações a respeito da empreitada.
Os moradores também demostram desconfiança quanto ao contexto e a forma que a LUOPS (Lei sobre Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo) foi aprovada com artigos específicos que viabilizam esse tipo de empreendimento em Paranapiacaba. A legislação foi aprovada no final de 2016, no governo do ex-prefeito Carlos Grana (PT).
Zelia Maria Paralego reside em Paranapiacaba desde 1961, e há 15 anos mantém uma hospedaria (casa antiga do sec. XIX) no bairro. A empreendedora classifica como “desastre” a possibilidade do centro logístico se instalar no local. Descontente, afirma que chegou hospedar, no ano passado, membros da equipe técnica contratada pela empresa que realizaram os estudos de impacto ambiental.
“O que mais me revolta é que mudaram o artigo da lei para beneficiar esse empreendimento, já começa muito errado. Nada justifica esse transtorno que vão trazer para a região. Imagina o problema da água, lá é uma região que você entra e pisa no lençol freático até a metade da canela”, diz ao reforçar que participará da audiência público no dia 12.
Projeto
A intenção da empresa é instalar o centro logístico em área de 468 hectares, situada no bairro Campo Grande, a cerca de 3km do Centro de Paranapiacaba. O objetivo é desenvolver a ação por meio de integração entre o sistema viário e ferroviário. O projeto prevê investimento da ordem de R$ 780 milhões. A expectativa é que o empreendimento comece a ser construído em 2024 com criação de 85 empregos diretos durante o período de obras e 1.200 durante a operação.
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