Há quatro meses com as portas fechadas, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Barão de Mauá, no Jardim Maringá, em Mauá, segue sem as prometidas obras de melhorias, embora o equipamento seja relativamente jovem, inaugurado em 2013. Antes da interdição, a unidade atendia 250 pacientes por dia, que agora se veem obrigados a gastar com passagem de ônibus para se dirigir a outros postos já lotados.
Para averiguar a situação da UPA Barão de Mauá, o RD esteve nesta semana no local, onde pode presenciar uma estrutura vazia, sem vida, coberta com tapumes de alumínio com propaganda do governo do prefeito Atila Jacomussi (PSB). Neles, uma Saúde que contrasta com a edificação vazia: farmácia 24 horas, unidades de emergência no Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini e o Pai (Pronto Atendimento Infantil).
Acompanhada de sua filha, uma moradora da região, que pediu para não ter o nome publicado, passava em frente à UPA Barão de Mauá e relatou a frustração de ter o posto sem atendimento à população. “Até agora não vi nada de reformas. Na segunda(-feira, 19) fui para UPA da Vila Assis, porque estava com infecção urinária. Mas imagine quem mora aqui e não tem dinheiro para pegar ônibus até lá”, explica.
Com a casa em frente à unidade, o aposentado Aparecido Batista Nogueira, 76 anos, não escondeu a revolta de não poder contar com a UPA que lhe ajudara no passado. “Isso é uma vergonha. Até agora não vi obra nenhuma. Sempre usava essa UPA, já fui até arrastado lá e salvo pelos funcionários. É uma grande necessidade aos moradores daqui. Se eu precisar de atendimento médico, não saberei para onde ir”, diz.
A interdição da UPA Barão de Mauá também impactou o comércio local e gerou até desemprego aos arredores, conforme relata a proprietária de uma farmácia nas proximidades, que também pediu anonimato. “Estou fechando a farmácia. Antes, o que vendia não pagava os funcionários, mas agora não há condições mesmo. As vendas caíram 90% e tive de mandar a farmacêutica embora em fevereiro”, lamenta.
Quem mora nas proximidades da unidade, precisa muitas vezes contar as moedas para um ou até dois ônibus em busca de atendimento médico. Em Mauá, a tarifa unitária dos coletivos é R$ 4. Parece pouco, mas muita gente tem dificuldades de agregar mais esse gasto. Além de pesar no bolso, outro problema surge: a demora de algumas linhas para o embarque.
Esse é o caso de Tais Fernandes, 35 anos, desempregada e acompanhada pela filha na UPA do Jardim Zaíra. A moradora do Jardim Luzitano não precisaria gastar até R$ 16 para se deslocar à unidade, se a UPA Barão de Mauá estivesse em funcionamento. “O ônibus demora até duas horas para passar e ainda pago condução. É um absurdo o que fazem (na UPA Barão de Mauá)”, descreve.
A exemplo da UPA Zaíra, a UPA da Vila Magini também sofre com a longa fila de espera, que segundo munícipes, chega até a três horas. “Há dia que demora aqui. E nem todo mundo tem dinheiro para passagem de ônibus para ir ao Centro”, diz o pintor Adriano da Silva Rocha, 27 anos.
O RD procurou a Prefeitura de Mauá e fez questionamentos sobre as quatro UPAs. No posto da Barão da Mauá, a reportagem perguntou quando as obras se iniciam e previsão de reabertura ao público. O governo também foi indagado sobre o quanto cresceu a demanda por atendimentos e se houve o aumento da cobertura médica nas UPAs Zaíra, Magini e da Vila Assis. No entanto, o Paço não se manifestou até o fechamento desta edição.
Ao fechar a UPA Barão de Mauá, o governo justificou que a unidade receberia serviços do Pai e uma base descentralizada do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Antes da interdição, as UPAs Magini e Zaíra atendiam em média 200 pacientes por dia, enquanto a unidade da Vila Assis recebia 180 moradores.