Com mais de 2 milhões de eleitores do ABC esperados para as urnas em outubro, as articulações pelas pré-candidaturas a deputado estadual e a deputado federal ganham gás em partidos e dentro dos governos nas sete cidades. Atualmente, a região tem quatro representantes na Assembleia Legislativa e dois na Câmara dos Deputados. De olho nessas vagas ou até na ampliação da bancada regional, a busca por apoiadores, principalmente pelos prefeitos, intensificou-se para a eleição deste ano.
Em pelo menos três municípios do ABC – Santo André, São Bernardo e Diadema –, a disputa interna para ganhar a alcunha de “candidato do governo” aumenta a cada dia. Esse cenário se consolida, principalmente pelo fato de muitos dos futuros postulantes, que vão figurar a eleição deste ano, considerarem que os eleitores da região vão concentrar seus respectivos votos aos representantes locais.
Entre os apoiadores do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), pelo menos cinco estão dispostos a brigar por votos no pleito de outubro. Na disputa pelas cadeiras do Parlamento paulista, estão os secretário municipal de Esporte e Prática Esportiva, Marcelo Chehade (PSDB), e o presidente da Câmara dos Vereadores, Almir Cicote (PSB).
Ainda dentro da base de apoio de Serra, o secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego, Ailton Lima (sem partido) – que tem conversas avançadas com PSD e PRB –, e os vereadores governistas Edson Sardano (PTB) e Jobert Minhoca (PSDB) tentarão a adesão de eleitores para suas futuras candidaturas a deputado federal.
Minhoca, inclusive, não descarta sair do PSDB, caso não tenha aval ao seu projeto de se transferir para Brasília, dentro do tucanato andreense. Uma razão para mudança de sigla também seria uma eventual dobrada com o ex-prefeito Aidan Ravin (PSB), que articula sua candidatura para Brasília. Neste caso, tucano teria de buscar uma vaga no Estado, ao mesmo tempo em que o partido já tem o nome certo de Chehade para Assembleia Legislativa.
No bloco oposicionista, uma dobrada já está definida em Santo André: Luiz Turco (PT) buscará a reeleição para deputado estadual. Enquanto isso, o vereador Eduardo Leite (PT) será pré-candidato a deputado federal.
No caso de São Bernardo, a presença do prefeito Orlando Morando (PSDB) no palanque é considerada como essencial, principalmente ao pleito de deputado estadual. O principal fator é que o tucano, em 2014, foi o terceiro mais votado para Assembleia Legislativa, com 237.020 votos – 103.292 sufrágios somente no município. Tais números elegeriam um postulante ao Parlamento paulista na maioria dos partidos, sem a necessidade de depender do quociente eleitoral.
Exceção – Entre os governistas, os únicos nomes ventilados são do vice-prefeito Marcelo Lima (SD) e do presidente do Parlamento, Pery Cartola (PSDB). Lima nunca escondeu sua vontade de ser postulante a deputado estadual, enquanto Cartola busca adesões ao seu projeto de se mudar para o Congresso Nacional.
Pelo PT, os deputados estaduais Luiz Fernando Teixeira Ferreira e Teonílio Barba buscam a reeleição. Uma terceira corrente dentro da legenda, por uma das cadeiras pelo Legislativo estadual, será o presidente da CNTIC (Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Construção), Admilson Oliveira. Já a deputada estadual Ana do Carmo será postulante à Câmara Federal.
Também no bloco de oposição a Morando, o deputado federal Alex Manente (PPS) tentará a reeleição, com uma dobrada local com o vereador Julinho Fuzari (PPS), pré-candidato à estadual. Ainda na Câmara de São Bernardo, o parlamentar Rafael Demarchi (PRB) trabalha para uma vaga na Assembleia Legislativa, local para onde o ex-vereador Admir Ferro (sem partido) também almeja.
Disputa é ferrenha em Diadema
O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), virou alvo de uma disputa interna ferrenha, que já fez o vice-prefeito Márcio Paschoal Giudício, o Márcio da Farmácia (PV), desistir de sua pré-candidatura para deputado estadual, mesmo com o apoio certo do chefe do Executivo.
Assim, a secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Regina Gonçalves (PV), virou a bola da vez para Michels, porém, isso não significa que a disputa interna acabou. Afinal, o presidente do Parlamento diademense, Marcos Michels (PSB), continua no páreo para ser o “nome do Paço”. Em situação menos turbulenta, o líder de governo no Legislativo, Célio Lucas de Almeida, o Célio Boi (PSB), conta como assegurada o patrocínio do governo ao seu projeto de deputado federal.
A concorrência também é grande na oposição, principalmente no PT. O diretório municipal não lançará candidatos a deputado estadual, mas em vez disso, terá três pré-candidatos para deputado federal. Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, vislumbra a reeleição. O ex-prefeito José de Filippi Júnior quer voltar à Câmara Federal, a mesma pretensão do vereador Ronaldo Lacerda.
Admir Jacomussi vira alvo de embate entre legendas
Pai do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), o presidente do Legislativo local, Admir Jacomussi (PRP), terá todo o suporte do governo, por uma das 94 cadeiras da Assembleia Legislativa. A intenção do clã Jacomussi é reconquistar o espaço no Parlamento paulista, a exemplo da eleição de 2014, quando o socialista obteve êxito com 62.856 votos, ainda filiado pelo PCdoB.
Com o patrocínio do filho assegurado, a única concorrência em torno de Admir é a sua futura legenda, com opções em vista pelo PSB, PCdoB, PRB e Podemos. No começo do ano, especulações dentro do governo apontaram que o presidente do Legislativo poderia bancar uma candidatura a deputado federal, porém, pessoas próximas da gestão Atila admitem que a estratégia seria enfraquecer o palanque do ex-secretário municipal de Obras José Carlos Orosco Júnior (PDT), que visa uma cadeira em Brasília.
Além disso, o vereador e novo líder de governo, Fernando Rubinelli (PDT), afirmou que gostaria de pleitear o posto de deputado estadual, mas somente caso Admir opte por buscar uma vaga no Congresso Nacional.
Pelo PT de Mauá, o vereador Marcelo Oliveira e o ex-prefeito Oswaldo Dias confirmaram as pré-candidaturas ao Legislativo estadual e para Câmara dos Deputados, respetivamente. Já o também ex-prefeito Donisete Braga (PT) deseja retornar à Assembleia Legislativa, por onde teve quatro mandatos entre 2000 e 2012.
Em São Caetano o único postulante é o secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Fabio Palacio (PP), futuro postulante a deputado estadual. Em Ribeirão Pires, o único pré-candidato até o momento é o vereador Humberto ‘Amigão’ D’orto (PTC), que também quer uma cadeira na Assembleia Legislativa.