Histórica Ilha do Mel oferece turismo ecológico

Foto: Joel Rocha

Uma ilha paradisíaca com as mais belas praias do Paraná, um farol e uma fortaleza ricos em histórias e nos melhores pontos para registros fotográficos do litoral. É a Ilha do Mel, localizada na entrada da baía de Paranaguá, em frente aos balneários de Pontal do Paraná. Lá se chega de barco e com os pés se explora as areias branco-acinzentadas das trilhas em meio à vegetação nativa, em busca dos pequenos paraísos, como a gruta das encantadas, as praias, os monumentos históricos, ou mesmo os restaurantes, pousadas e bares.

A Ilha do Mel é do tamanho de Fernando de Noronha (PE). Quase toda a área é protegida em lei, até pouco tempo não havia energia elétrica, um navio naufragou lá em 1868 e possui lendas divertidas sobre a origem do nome. Também existe muita gente na Ilha, e fora dela, que vive do turismo ecológico. Ainda persistem raros pescadores locais, e pernoitar na Ilha e ter o privilégio de ver o Cruzeiro do Sul, sentindo a brisa do mar, uma experiência sem igual.

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A Ilha do Mel é uma amostra de uma história geológica e biológica que ocorreu nos litorais sul e sudeste do Brasil nos últimos 40 a 50 mil anos e que resultou na formação das planícies litorâneas sobre as quais se debruçam restingas, florestas, lagoas, dunas, mangues e marismas. São espécies que, nos últimos 10 mil anos, desceram das montanhas da Mata Atlântica e, sobre as areias, se modificaram. Algumas foram selecionadas no curso da evolução e se tornaram espécies únicas. Outras modificaram seu corpo, produziram órgãos para secretar o excesso de sal, tornaram-se mais rígidas e assim puderam ocupar as planícies inóspitas de areia do mar. Assim, essa região se tornou única. Só de plantas são mais de 1.500 espécies, outras tantas de aves, mamíferos, répteis e insetos.

As mais recentes notícias sobre ela apontam para a possível construção de um complexo industrial, que inclui um porto em Pontal do Sul, a poucos metros da ilha. Grupos econômicos fortes e governantes com visões imediatistas confrontam os relatórios ambientais que impedem a construção e justificam: o progresso “exige”. Essa obra portuária está sendo feita a menos de cinco quilômetros de um dos maiores portos do Brasil, o Porto de Paranaguá. A obra deverá interferir na dinâmica do mar, na probabilidade de acidentes ambientais, na sobrevivência de peixes, botos e outros animais aquáticos, e na vegetação das restingas e manguezais. Deverá atingir as atividades de ecoturismo, a pesca e os modos de vida de muitos trabalhadores da Ilha.

Márcia Marques integra a Rede de Especialistas de Conservação
da Natureza.

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