O crescimento populacional de centros urbanos em áreas cobertas por vegetação natural pode ser um dos fatores que explicam a onda do vírus da febre amarela, segundo especialistas. Até o momento, o ABC tem cinco casos confirmados da doença, inclusos uma contraída em São Bernardo e duas mortes provenientes de contaminações em Mairiporã e Atibaia, onde os surtos são mais graves entre os municípios paulistas.
Atualmente, todos os casos confirmados foram considerados de febre amarela silvestre, em que os agentes transmissores são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que vivem apenas em regiões de mata. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil não registra a febre amarela urbana, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti – o mesmo responsável pelo vírus da dengue – desde 1942.
“Os mosquitos (Haemagogus e Sabethes) não invadem a cidade, porque têm voos curtos. Esse processo da febre amarela silvestre tem ocorrido em algumas regiões do Brasil e nunca deixou de existir. Com o avanço da população, é natural que as pessoas sejam picadas por mosquitos silvestres. Mas acho que o ABC tem plenas condições de manter a vigilância eficiente, que é muito boa”, explica o biólogo e professor do curso de Ciências Biológicas da Fundação Santo André, José Luis Laporta.
Professor de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, Munir Ayub elogia as atuações das prefeituras nas campanhas de prevenção contra a febre amarela, porém, alerta que a região deve se manter atenta para evitar novos incidentes, devido às características naturais. “O ABC é cercado de mata da Serra do Mar. Somado a isso, temos desmatamento e o desequilíbrio ecológico”, completa.
Baixa adesão à vacina
No entanto, as sete cidades ainda enfrentam a baixa adesão de moradores pela vacinação. A meta da Secretaria de Saúde do Estado é imunizar 2,3 milhões de pessoas da região até este sábado (17), quando se encerra a campanha estadual, no último dia D na maioria dos municípios. Até semana passada, porém, o índice de público alvo atingido estava em 30%, com pouco menos de 700 mil doses aplicadas.
Em São Bernardo, onde se confirmou o primeiro caso autóctone da região, apenas 269,4 mil pessoas foram vacinadas contra o vírus, 38% da meta do governo de 707 mil doses distribuídas. Em Santo André, 176,2 mil moradores já se vacinaram. Diadema, por sua vez, vacinou até o momento 163 mil residentes, o que representa 39% da população.
São Caetano não forneceu dados atualizados sobre o alcance da imunização, mas até o dia 6, distribuiu 89,7 mil vacinas. Já Mauá aplicou 88,2 mil doses conforme números mais recentes, seguido de Ribeirão Pires (20,4 mil) e Rio Grande da Serra (15,2 mil).
Nesta quarta-feira (14), Ribeirão Pires confirmou o falecimento de um morador 35 anos, infectado em Mairiporã, após o vírus ser confirmado por exame do Instituto Adolfo Lutz, na Capital. Antes, Santo André registrou outro óbito de um residente de 44 anos, que contraiu o vírus em Atibaia, no interior paulista, cujo óbito ocorreu em janeiro.