O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), está no epicentro da polêmica do reajuste do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) aplicado para o exercício 2018, ao ser cobrado nas ruas, pela imprensa e pelos órgãos da sociedade civil. Naturalmente, como um chefe do Executivo, o tucano é a principal figura política da cidade e tem consciência do peso dessa responsabilidade.
No entanto, no caso do IPTU andreense, responsabilizar apenas o prefeito por eventuais distorções não é justo. Em meio a divulgações de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Legislativo ou apenas agora a preocupação em corrigir equívocos do IPTU, 14 vereadores da base aliada precisam dividir com Serra a responsabilidade pela insatisfação da população a esse remédio mais amargo do que o esperado.
Afinal, esses parlamentares, sem uma discussão aprofundada sobre o tema do IPTU, sem chamar organizações que representam setores da sociedade e sem convocar a população para debater o tema por meio de audiência pública, votaram e aprovaram o projeto que alterou a PGV (Planta Genérica de Valores), em apenas quatro dias de estadia da proposta no Parlamento.
Vale frisar que o projeto tinha mais de 300 páginas, chegou às mãos dos vereadores em uma segunda-feira, era para ser votado na terça-feira seguinte, mas por leve burocracia, foi apreciado na quinta-feira da mesma semana. Será que esses parlamentares podem assegurar que leram o projeto? Que tiveram convicção do que aprovaram em plenário? Se sim, então por qual razão a CPI após o leite derramado?
Paulo Serra tem razão ao dizer que a PGV estava desatualizada desde 2002 e foi uma irresponsabilidade dos prefeitos anteriores não aplicarem as mudanças ao longo do tempo, fazendo com que o problema se tornasse uma bola de neve. Mas se houve distorções e equívocos no meio do caminho, que os vereadores também assumam a responsabilidade também junto à população.