Usuários das linhas municipais de ônibus do ABC não sofrerão com o risco de desembolsar por uma passagem mais cara, ao menos no mês de janeiro, uma vez que o reajuste ainda não está descartado ao longo do ano. Entretanto, segundo o SETC (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo) do ABC, os empresários do setor de transporte coletivo apresentarão as propostas de reajustes das tarifas até sexta-feira (12).
Após conversas iniciais no Consórcio Intermunicipal Grande ABC sobre o tema, nesta terça-feira (9), o presidente do colegiado e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), garante que não houve pedido de reajustes por empresários do segmento. “Nenhuma das prefeituras recebeu um pedido formal das concessionárias para reajuste, razão pela qual não vamos deliberar sobre o assunto. Não há razão em dar o aumento se o concessionário não protocolou”, diz.
Entretanto, o vice-presidente da entidade e prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), admite que analisa o pedido das operadoras municipais por aumento no valor das passagens dos itinerários municipais. “Cada município ainda vai fazer seu estudo. Já temos em mãos (a reivindicação dos empresários) e a gente vai avaliar. Por ora, não há estudo fechado e faremos análise para deliberar nos próximos 30 dias”, pontua.
Além de Santo André, Mauá também já discute a possível implantação de um novo valor das passagens dos coletivos, uma vez que a Suzantur, empresa responsável pelos itinerários municipais, entregou ao prefeito Atila Jacomussi (PSB) o pedido de reajuste em dezembro. Por ora, o pleito da empresa é analisado pela Comissão Gestora de Controle de Gastos do governo e um parecer é previsto entre fevereiro e março.
Atualmente, o ABC conta com tarifas diferenciadas nos sete municípios. Os usuários de linhas municipais de Santo André, São Bernardo e Diadema (em dinheiro) pagam R$ 4,20 por viagem unitária. Em São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires, o valor da passagem está fixado em R$ 4,00. Menor cidade da região, Rio Grande da Serra conta com os itinerários sob quantia de R$ 3,80.
Diretor jurídico do SETC do ABC, Francisco Bernardino Ferreira afirma que até sexta-feira ocorrem as formalizações das propostas de mudanças nas tarifas nas sete prefeituras. “No ano passado, as tarifas foram reajustadas em fevereiro e sempre nós ingressamos com as planilhas apresentando as necessidades de aumento cerca de 30 dias antes do ‘aniversário da tarifa’. E é o que vamos fazer, também entendendo a realidade econômica das empresas, mas dos passageiros. Serão necessários reajustes”, decreta.
Diadema
Fora do Consórcio Intermunicipal desde outubro, o governo do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV) também discute com empresários da Benfica e MobiBrasil, duas operadoras das linhas municipais, possíveis mudanças nas tarifas. Por ora, as concessionárias acompanham as plantas custo com o reajuste do combustível e outros gastos, para em seguida chegar a um valor solicitado. Hoje, a passagem custa R$ 4,20.
ABC tem passagens mais caras que em 24 capitais
Mesmo sem reajuste, as cidades do ABC já contam com as tarifas de ônibus mais caras do Brasil. Em levantamento feito pelo RD, os itinerários de Santo André, São Bernardo e Diadema, por exemplo, superam os valores de 24 capitais pelo país. Os três municípios cobram por viagem R$ 4,20, o mesmo valor de Florianópolis e são superados apenas por Curitiba (R$ 4,25) e Brasília (onde o serviço pode chegar a R$ 5,00).
No fim de dezembro, o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), reajustou as tarifas de R$ 3,80 para R$ 4,00, variação em vigor desde 7 de janeiro. Por sua vez, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) também adotou os mesmos valores para o Metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A Capital conta com mais de 11 milhões de habitantes, enquanto o ABC possui 2,7 milhões de residentes.
“Na Capital, há subsídio para o transporte, algo que não temos, porque não damos dinheiro público para pagar empresa de ônibus, não que condene. E a CPTM também usa recursos públicos para sua subvenção, enquanto o Metrô, todas as vezes que compra de um trem novo, usa dinheiro público para isso. Portanto, não podemos tratar esses institutos como o sistema de transporte coletivo do ABC, mantidos pelas concessionárias”, diz o presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).
Já São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires, que cobram R$ 4,00 por itinerários – desconsiderando vantagens da bilhetagem eletrônica –, contam com passagens superiores a 21 capitais. Por sua vez, Rio Grande da Serra, com cobrança fixada em R$ 3,80, ultrapassa os valores de 17 cidades.