Com a chegada do fim de ano e aproximação do verão, moradores e comerciantes de áreas com risco de alagamentos e deslizamentos no ABC se preparam para a chegada do período de fortes chuvas. Um dos maiores problemas com a situação é ter de conviver com a incerteza que a moradia ou estabelecimento possam ser invadidos pela água a qualquer momento.
No comércio tem sido comum os proprietários tentarem driblar enchentes com instalação de comportas. “A água entra e leva tudo o que temos. É um prejuízo sem fim, mas não há o que fazer”, lamenta um comerciante da rua José Pelosini com a rua Jurubatuba, no Centro de São Bernardo, que prefere não se identificar. O empresário instalou o dispositivo na loja, mas não conseguiu evitar o problema com a última enchente, em novembro.
João Pereira dos Reis, proprietário da lanchonete Expresso SBC, na mesma via, foi mais uma vítima da inundação e, além disso, perdeu o carro. “Todo ano é a mesma coisa, enche de água e a Prefeitura não faz nada”, reclama. O comerciante relata ainda que outros seis carros também foram cobertos pelas águas.
USCS e Anhanguera
Em Santo André, a situação não muda. Qualquer chuva mais intensa acaba afetando os estudantes da Anhanguera e da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), que ficam ilhados na avenida da Paz, caminho entre a estação Utinga e as faculdades. “Sempre que começa a chover enche tdo aqui”, diz Priscila Almeida, estudante da USCS. “De tantos móveis que perdeu, minha cunhada se mudou para outro bairro”, diz o aposentado Edson Rivhetto.
A reclamação se estende para o comércio que fica na mesma via andreense. “Vira e mexe tem saco de lixo boiando e carros encharcados. Aqui só não enche porque temos rampa para escoar a água”, conta Ariana Alves Santos, funcionária da lanchonete Nordestina.
No local existem residências e comércios com calçadas elevadas na tentativa de impedir a entrada da água. “Ela demora a baixar e as pessoas acabam perdendo tudo. A calçada foi uma opção para tentar se livrar disso”, conta o auxiliar da barraca do hot dog, Leandro dos Santos. (Colaborou Amanda Lemos)
Poder público adota medidas preventivas
Na tentativa de combater os transtornos provocados pelas chuvas, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC adotou o Centro Regional de Gerenciamento de Emergências, que será lançou nesta sexta-feira (8). Trata-se da união das defesas civis da região (exceto Diadema), na prevenção de riscos. “O ABC é palco de uma série de incidência de chuvas. O centro unirá instrumentos de medições e informações para que a Defesa Civil atue nos locais de risco”, explica o secretário executivo da entidade, Fabio Palacio. O projeto conta com aplicativo para que a população acompanhe em tempo real os dados e informações sobre pontos de alagamento.
Procurada pelo RD, a Prefeitura de São Bernardo não apontou as áreas de risco da cidade, mas esclareceu que está em andamento com a Operação Pé D’água – Prevenção e Mobilização. A ação atua na cidade com medidas preventivas que visam minimizar os impactos das chuvas no verão. A Prefeitura informa que a Operação Guarda-Chuva visa garantir medidas para evitar desgastes naturais provocados pelas chuvas, como limpeza e desassoreamento de piscinões, rios e córregos, limpeza de bocas de lobo e monitoramento em áreas com riscos de deslizamento. Mesmo com a operação, alguns bairros como o Boa Esperança, Rosina e o terminal de ônibus continuam a encher de água.
Em Santo André, o Semasa informa que já investiu, até outubro, cerca de R$ 23 milhões nas ações para manutenção dos sistemas de drenagem. Também investiu R$ 2,6 milhões para finalizar a canalização do córrego Guaixaya, no Parque Novo Oratório, no trecho de 186 metros entre a rua Oratório e o piscinão do Ribeirão Oratório. A autarquia informa que existem cerca de 3,5 mil moradias em área de escorregamento e 1,2 mil residências em área de inundação.