Os chamados pancadões, em que pessoas fecham a rua sem autorização da Prefeitura para se divertir, têm tirado o sono de muita gente. Entre as principais reclamações estão excesso de barulho, sujeira e falta de segurança. Na região, a prática tem se repetido, principalmente, na rua Olegário Herculano, em São Bernardo; rua Dominicanos, em Santo André, e no entorno do conjunto habitacional Júpiter, em Diadema.
O problema é que tais festas noturnas começam já na quinta-feira e somente acabam na segunda-feira de manhã. Em São Bernardo, no entorno da Olegário Herculano, há três opções de locais que são alvo de pancadões, um deles, o Supra Bar. A reclamação dos moradores é que a casa não possui acústica, e deste modo o som vaza e chega até as residências. Contada, a direção do estabelecimento não respondeu. Fidelix Gomes Filho, 46, mora ao lado do Supra e conta que já não suporta mais o barulho do local, que começa a fazer barulho na quinta-feira, por volta das 22h30, e só encerra às 6h do dia seguinte. “Além de deixar a rua intransitável, o barulho é muito alto, ninguém consegue dormir”, reclama.
Isabel Sanches Azevedo, 77, outra moradora da rua, está incomodada também com sujeira acumulada na rua. “As pessoas que frequentam o espaço fecham a rua pra beber, usar drogas e os carros mal conseguem passar”, relata. No outro dia, a reclamação é outra, desta vez é sobre a calçada repleta de sujeira. “Todo dia depois que a festa acaba tenho de lavar o muro de casa e recolher as garrafas e bitucas para deixar a calçada limpa, é muito cansativo”, conta.
João Deldato de Souza manobrista do estacionamento ao lado do bar diz que entre sexta e segunda-feira perde ao menos duas horas só para limpar a rua. “Sempre deixam copos, garrafas, camisinhas, drogas, tem de tudo que você pode imaginar”, diz. Outro morador que prefere não ser identificado, conta que já cansou de ligar para a polícia. “Uma vez foi necessário até jogar bomba de gás para conseguir liberar a rua, mas hoje em dia chamamos a polícia, é muito difícil virem”, conta o morador.
Consumo de drogas
O mesmo acontece em Diadema, atrás do conjunto habitacional Júpiter, no jardim Bandeirante. Conhecida como Pancadão do Paratiningá, o local reúne mais de 200 pessoas aos finais de semana. A queixa é que o volume das músicas ultrapassa o limite, há consumo de drogas, excesso de bebidas alcoólicas e fechamento das ruas do entorno já na sexta-feira. “Vendem bebidas alcoólicas e drogas na praça nova da Prefeitura. Nunca vi um lugar tão abandonado”, comenta Rogério Lopes, um dos moradores do conjunto.
Em Santo André a reclamação é na rua Dominicanos, no jardim Santo André, onde os moradores dizem que os pancadões acontecem livremente e reúnem mais de 300 pessoas, que fecham a via, aumentam volume do som alto e aparecem vendedores de bebidas. “Geralmente no domingo é pior, eles vêm pra cá e ficam a noite toda fazendo festa, com o porta-malas do carro aberto com som muito alto e ninguém consegue dormir”, diz Rodrigo Silva, 36. (Colaborou Amanda Lemos)
Prefeituras criam ações para inibir prática
Por meio de nota, a Prefeitura de Santo André informa que, em parceria com as polícias Civil e Militar, deu início no último sábado (11) às operações contra os pancadões. As áreas foram mapeadas levando em conta o número de reclamações em cada região.
Já São Bernardo esclarece que a rua Olegário Herculano tem sido um ponto de encontro de jovens e por esta razão está na programação da Operação Noite Tranquila, portanto, todos os finais de semana e feriados há aumento de viaturas da Guarda Civil Municipal no local. A Prefeitura de Diadema, Polícia Militar e o Supra Bar não retornaram o contato até o fechamento da edição.
Em São Bernardo, a Lei 876/60 defende a proteção e o bem-estar ao sossego público. De acordo com o artigo 1, é proibido perturbar a vizinhança com ruídos, algazarras ou barulhos de qualquer natureza.
Em Diadema, a lei 2135/02 também estipula no artigo 1 que é proibido perturbar o sossego e o bem-estar públicos e da vizinhança com ruídos, vibrações e sons excessivos. Em Santo André, a Operação Sono Tranquilo visa combater a poluição sonora com multas que podem chegar a R$ 1.981. (AL)