Sob os efeitos da crise econômica, o ABC mais demitiu do que empregou trabalhadores pelo regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) entre os meses de setembro de 2016 e 2017. De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, as sete cidades registraram saldo negativo 782 postos de trabalho, em comparativo nos quadros de admissões e demissões. Por outro lado, o cenário apresentou melhoras neste ano.
Entre setembro de 2016 e 2017, a região assinou 80.079 carteiras de trabalho, porém, perdeu 80.861 empregos formais. Somente duas cidades do ABC passaram a fase de turbulência com saldo positivo. Mauá gerou 5.877 novos postos de trabalho, enquanto perdeu outros 5.069, fechando o ciclo com 808 empregos a mais; e São Caetano registrou 14.737 novos trabalhadores formais, perdeu 14.128, diferença de 609.
No entanto, a crise afetou mais os municípios de São Bernardo e Diadema. No primeiro caso, houve 23.595 assinaturas de novos postos de trabalho, mas 24.872 desligamentos deixaram a cidade com saldo negativo de 1.277 empregos. O município diademense, por sua vez, preencheu 5.334 vagas com carteira de trabalho, mas demitiu 5.947, variação de menos 613 empregos.
Embora apresente quadro mais estável, Santo André também oscilou negativamente no período, ao empregar 28.691 vagas, mas demitiu outras 28.820, variação de 129 postos de trabalho a menos. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra também sentiram os efeitos do cenário econômico dos últimos três anos no Brasil, com saldo negativo de 138 e 42 empregos formais, respectivamente.
Recuperação
Apesar do cenário negativo, o ABC mostra recuperação na geração de empregos, caso sejam considerados os dados do Caged entre janeiro e setembro de 2017. Nessa faixa de tempo, a região abriu formalmente 58.740 postos de trabalho e desempregou 56.586 vezes, o que resultou em saldo positivo de 2.154 empregos sob o regime da CLT. As cidades com melhores resultados nesse quesito foram São Caetano e Mauá.
Passados nove meses, São Caetano empregou 11.047 pela carteira de trabalho e desligou 9.785 vagas, resultado de 1.262 pontos a mais no mercado. Mauá, por sua vez, gerou 4.404 empregos e desempregou 3.482 vezes, em salto positivo de 922.
Santo André segue como a cidade que mais emprega (20.726) e desemprega (20.628) no ABC, mas desta vez apresenta variação positiva de 98 postos de trabalho. Já São Bernardo preencheu formalmente o mercado 17.251 vezes e desligou 16.999, diferença de 252 empregos a mais. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra permanecem com cenário crítico, com 72 e 44 demissões a mais em relação aos quadros de admissões, respectivamente.
Município que demonstra maior lentidão para sair da crise é Diadema. De janeiro a setembro de 2017, a cidade preencheu 3.917 postos de trabalho, porém, desempregou em 4.181 oportunidades, variação negativa de 264 vagas a menos.
Segundo o economista, especialista em Gestão de Cidades e mestre em Políticas Públicas, Wilson Abreu, os dados demonstram uma recuperação no fôlego do ABC na geração de empregos, embora ressalte que os dados mereçam análises sazonais, além de ser necessário levar em consideração o perfil da mão de obra de cada município.
“Há meses que historicamente ocorrem mais demissões e outros com mais admissões. Quando chega perto do Natal, por exemplo, aumentam as admissões e muitas vezes isso se reverte em janeiro. E em municípios com natureza industrial pode ter aumento de demanda em outubro, pela produção visando o fim do ano, e depois ocorrem desligamentos”, exemplificou.
Dados inconsistentes
Os números de geração de empregos em cada município estão disponíveis no site do Caged, porém, o Ministério do Trabalho informou ao RD que os dados estão inconsistentes e solicitou que não sejam considerados, por ora, até solucionar os problemas.