A denúncia de uma ação criminosa envolvendo o secretário de Gestão Ambiental e vereador licenciado em São Bernardo, Mario de Abreu (PSDB), remete não apenas a um primeiro escândalo do governo do prefeito Orlando Morando (PSDB), mas também a um desafio de qualquer gestão pública: transparência. Afinal, novamente testemunhamos um caso de suspeita de pagamento de propina para a liberação de licenças ambientais no ABC.
Enquanto a Justiça faz a investigação, precisamos pensar em como aumentar os holofotes em cima dessas práticas. Menos mal, por outro lado, que Morando tomou medidas rápidas e exonerou o secretário e mais dois envolvidos na operação realizada pelo GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil e pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).
Durante a gestão do ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (2009-2012) ocorreu a mesma denúncia, mas neste caso, foi no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Inclusive Aidan, no ano passado, virou réu na investigação. Denúncias também foram feitas em São Paulo e em Sapucaia do Sul (RS) somente em 2017.
A questão aqui não é acusar, pois esse é o papel da Justiça, mas iniciar uma reflexão sobre a falta de transparência sobre o tema. A licença ambiental é importantíssima para que qualquer obra seja iniciada e é claro que um impedimento para obter tal documentação pode gerar dor de cabeça. Entretanto não dá para admitir tamanha falta de clareza em torno do processo.
Já passou da hora do poder Público dar a devida importância a essa situação. Não será nenhuma surpresa que operações similares sejam deflagradas em outras cidades no País. Por essa razão, que a palavra transparência deixe de ser apenas expressão feita para enfeitar discursos e seja aplicada na prática pelos governos. O eleitor agradece.