Longe de ser uma “frescura”, o bullying voltou a ser tema de debate no Brasil após um aluno, de 14 anos, entrar em uma escola, em Goiânia (GO), e matar dois colegas de classe e ferir outros quatro. Para diretora geral das três unidades do Colégio Stocco, em Santo André, Jozi Stocco, o combate à prática deve ser feita por uma união de esforços da unidade escolar com a família de um estudante, seja este alvo ou testemunha da ação.
Em entrevista ao RDtv, Jozi avaliou que nem sempre é fácil identificar o bullying. Segundo a pedagoga, a prática se classifica como casos de violência mental e física que se tornam uma rotina em um ambiente. “Primeiro precisamos pensar o que é um bullying de maneira geral. Verificamos como uma situação quando há um público alvo, quando as ações de violência são repetitivas e se é praticado entre colegas”, explicou.
Os desafios para identificar o bullying muitas vezes são diversos, como na dificuldade da vítima em expor aos pais e aos responsáveis pela unidade de ensino o que sofre no dia a dia. Jozi citou o público espectador da prática, ou seja, aqueles que testemunham a ação, embora não seja o alvo dela. Ou pode haver situações em que um estudante relate abusos apenas a um colega de confiança.
Por essa razão, o combate aos atos de violência física ou psicológica nos ambientes escolares precisa unir todas as partes envolventes do aluno. “A escola e a família devem observar o aluno. Muitas vezes, a criança não fala aos adultos, mas fala ao colega. Por isso, todos precisam ficar atentos, porque juntos, todos podem pensar no que fazer”, disse a diretora.
Jozi alertou ainda sobre o cyberbullying, uma extensão da prática por meio das redes sociais e aplicativos de conversas, cujas consequências podem causar traumas psicológicos tão severos quanto à violência física, o que aumenta a necessidade de cuidado dos pais e das escolas. A prática em geral pode resultar em traumas emocionais como ansiedade, depressão, transtornos alimentares, uso de drogas e até suicídio.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar referente a 2015, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 7,4% dos alunos entrevistados afirmaram que se sentiram humilhados por provocações nos 30 dias anteriores ao levantamento. Entre os estudantes das escolas públicas, o percentual foi de 7,6%, enquanto os alunos de unidades privadas registraram 6,5%.
Participação dos pais
Jozi salientou que a participação dos pais é fundamental no dia a dia escolar de seus filhos, como eventos e reuniões, para acompanhar a evolução educacional e administrar conflitos. “A escola é parceira da família (no processo educacional) e não pode ocupar o lugar da onipotência. Compete à escola a parte formal do conhecimento organizado pela humanidade e há questões que somente a família pode interferir”, explica.
Ações dos 63 anos
Fundado em 20 de abril 1954, o Colégio Stocco realizará ações para celebrar os 63 anos em atividade. A rede conta Ensino Infantil e o Ensino Fundamental com 550 alunos. Segundo Jozi, a rede lançará um aplicativo de celular para que os pais possam acompanhar informações dos filhos e também haverá uma homenagem a Alzira Stocco, fundadora da escola e avó de diretora, que completaria 100 anos em 2018.