Kickboxer de São Bernardo vence mundial na China

Po Atan venceu o canadense Marcus na final do Glory na China (Foto: Divulgação/Glory Kickboxing)

“Se fosse comparar com o futebol, eu conquistei a Copa do Mundo”. Essa é a definição mais próxima da realidade de Alex ‘Po Atan’ Pereira, morador de São Bernardo, que conquistou no último fim de semana o cinturão dos pesos médios do Glory, principal evento do kickboxing no mundo. Apesar do título mundial, o lutador ainda busca apoio para conseguir manter a sua família por meio do esporte.

A história de vida de Po Atan é um paralelo da luta do título contra o canadense Simon ‘The One’ Marcus, no último sábado (14), na China. Pereira não era o favorito. Muitos acreditavam que o são-bernardense seria um adversário fácil por o considerarem um lutador de boxe que não suportaria os chutes potentes de Marcus.

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“Essa imagem que foi criada foi boa, pois ele (Marcus) pensou que eu só iria socar, então ele levantou a guarda, mas mostrei que também sou um lutador completo, muito mais do que os outros imaginam. Mostrei que também tenho um chute forte e consegui, desta maneira, lutar bem. Cheguei a derrubá-lo e o juiz abriu contagem”, disse o brasileiro ao relatar o knockdown que ocorreu no segundo round.

Alex Pereira também surpreendeu na vida. Campeão brasileiro, sul-americano e pan-americano, conseguiu chegar ao topo do kickboxing sem apoio de patrocinadores. Sobreviveu das quantias que conquistou com as lutas e também com a ajuda de amigos e familiares. “É complicado, parece que falamos de política, mas infelizmente é assim, não temos tanto apoio. Eu levo o nome de São Bernardo para o mundo, já conquistei três vezes o título dos Jogos Abertos (do Interior), mas não consegui apoio, nem uma conversa para falar sobre o assunto. É difícil viver de esporte no Brasil, mas não vou desistir. Minha família é minha maior motivação”, disse Pereira que é casado, tem dois filhos e mora no bairro dos Casa.

Em 2015, Po Atan chegou a realizar uma campanha na internet para conseguir doações para bancar sua viagem para a Sérvia, em busca do título mundial. A tentativa não deu certo.

A falta de apoio novamente chegou a fazer com que o lutador ficasse sem palavras mesmo após conquistar o cinturão do Glory. “Quando acabou a luta e veio o resultado um repórter me perguntou como seria minha festa ao chegar no Brasil. Se seria recebido pelo carro do Corpo de Bombeiros, como os jogadores de futebol são recebidos, mas não consegui responder. Se meu empresário não fosse me buscar no aeroporto, eu teria de ligar para alguém me buscar”, lamentou.

Agora, além de aproveitar com a família a alegria do título mundial, Alex se prepara para a primeira defesa de cinturão. Ainda não foi definido o adversário, porém a expectativa é de que a luta ocorra em dezembro. O local também não está definido.

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