“Tive de chamar a polícia para entrar em casa, pois tinham alguns homens escondidos”. O relato é de Marina Moraes, professora e moradora do bairro Santa Maria, em São Caetano, que sofre com os carros abandonados na rua Guaporé, onde reside. Falta de segurança, transtorno ao sair com o próprio veículo da garagem e medo são algumas das queixas.
Segundo Marina, um morador do bairro (não identificado) tem deixado uma série de veículos ao longo da via. A desconfiança é de que os carros estão à venda. “Há poucos dias ele deixou outro carro por aqui e saiu tranquilamente. Não sei o que acontece, parece que ele quer vender os carros, mas não sabemos direito”, diz.
A sensação de insegurança é grande. “Teve uma vez que tive de chamar a Polícia para entrar em casa, pois tinham alguns homens escondidos entre os carros. Não me senti segura. Uma vizinha também só entrou em casa, à noite, quando foi acompanhada por um guarda municipal que passava no momento. Não dá para ter isso sempre”, afirma.
Marina conta que chegou a procurar a Secretaria de Mobilidade Urbana, porém não houve o retorno esperado. “Eles nos disseram que não poderiam fazer nada. Cheguei a procurar os vereadores, cerca de um mês atrás, mas também nada foi feito em relação a isso”, diz a professora.
Segundo a lei municipal, 5.263, de 2015, são considerados carros abandonados aqueles que não têm placa de identificação; ou que estão em evidente estado de deterioração; ou em visível flagrante de mau estado de conservação, com a carroceria com evidentes sinais de colisão ou objeto de vandalismo; ou que impedem a circulação com segurança.
Caso a fiscalização aponte uma das características, o carro recebe um adesivo e o proprietário tem 10 dias para remover o veículo. Caso contrário, o mesmo será rebocado para o pátio municipal. A Prefeitura fará a identificação do dono que tem 15 dias para retirar o carro, mediante pagamento de uso do pátio. Se em 90 dias não ocorrer a retirada do veículo, vai para leilão.
São Bernardo
O problema também ocorre em São Bernardo, onde veículos apreendidos pela Polícia Militar são estacionados em frente ao 1º DP, na região central. Segundo informação de pessoas que não quiseram se identificar, existia uma parceria entre o governo do Estado e a Prefeitura para que os carros fossem rebocados até os pátios municipais, mas o contrato acabou não foi renovado. Questionada sobre o contrato, a Prefeitura não respondeu.
Por nota a Secretaria de Segurança Pública informa que quando as polícias localizam um veículo que tem registro de roubo ou furto, o carro é encaminhado para uma delegacia, onde é formalizada a apreensão. A Polícia Civil promove a busca pelo proprietário do veículo e, caso não seja localizado, ele é encaminhado para um pátio. Contudo, quando não há crime relacionado ao veículo, as providências administrativas devem ser tomadas pelo poder municipal.
A Polícia Militar esclarece que o 6º BPM/M realiza patrulhamento ostensivo e preventivo em São Caetano do Sul. A região está incluída no Cartão de Prioridade de Patrulhamento do batalhão, que realiza policiamento por meio dos programas de Radiopatrulhamento, Base Comunitária Móvel e Atividade DEJEM. Também são realizadas diversas operações, como a “Operação Cavalo de Aço Regional”, com foco na fiscalização de motocicletas, e “Operação Força Metropolitana”, que conta com a presença do efetivo administrativo dos quartéis e das Forças Táticas.
A nota informa ainda que as ações das polícias Civil e Militar em São Caetano resultaram na prisão e apreensão em flagrante de 279 pessoas, além da recuperação de 130 veículos e apreensão de 18 armas de fogo, de janeiro a agosto deste ano.