Metodista atrasa salários e depósitos de FGTS a professores

Foto: Banco de Dados

Reconhecida como uma das mais conceituadas universidades privadas do Brasil, a Universidade Metodista São Paulo atravessa profunda crise financeira. De acordo com o Sinpro (Sindicato dos Professores) do ABC, a instituição atrasa corriqueiramente os depósitos de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) desde 2015 e não realizou os pagamentos de salários a professores nas datas previstas em setembro e outubro.

Os atrasos do FGTS resultaram em uma ação judicial coletiva de professores da universidade e do Colégio Metodista, que funciona ao lado do campus no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo. “Haverá uma audiência no dia 24, no Fórum Trabalhista (bairro Baeta Neves), onde a Metodista apresentará uma forma de quitar o FGTS”, afirma o presidente do Sinpro-ABC, José Jorge Maggio.

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Segundo o sindicato, a primeira notificação de atraso no depósito do FGTS ocorreu em julho de 2015 e a média de tempo a pagar aos docentes é de 18 a 20 meses. Maggio pontua, porém, que o retardamento da realização das transferências por parte da Metodista não é contínua, uma vez que há ocasiões em que a instituição faz o pagamento, assim iniciando um novo período sem despender o valor.

O advogado trabalhista Júlio Couto diz que o atraso no recolhimento do FGTS gera multa à empresa e dá direito aos funcionários a adotarem procedimentos a respeito. “Nesses casos, o trabalhador deve consultar periodicamente o saldo no site da Caixa Econômica Federal. Em eventual rescisão do contrato do trabalho, o empregado pode propor ação trabalhista cobrando o saldo devedor ou solicitar a rescisão indireta do contrato por inadimplemento das obrigações trabalhistas pelo empregador”, pontua.

Além do FGTS, professores da Metodista vivem com a incerteza se receberão seus salários em dia. De acordo com docentes, o pagamento salarial da universidade estava previsto para sexta-feira (6), porém, a instituição não realizou os depósitos a todos os funcionários e estabeleceu nova data para esta quarta-feira (11). Situação semelhante ocorreu em setembro e a justificativa da universidade ao Sinpro-ABC é os problemas de “fluxo de caixa”.

Há temores de professores que a universidade não tenha capacidade de realizar o pagamento das férias e do 13º salário ao fim do semestre. Segundo profissionais da universidade ouvidos pela reportagem, há especulações de lista de demissões preparada pela administração da Metodista, embora o Sinpro-ABC não confirme a existência dessa relação.

Representante dos docentes no conselho universitário e professor do curso de Comunicação Social-Jornalismo, José Salvador Faro, explica que não tem como a crise não chegar ao conhecimento dos alunos. “Isso cria uma sensação de insegurança aos professores, que não é verbalizada aos alunos por uma questão ética. Mas os alunos acompanham a situação e já sabem que existe uma tensão”, considera.

Alguns professores defendem, inclusive, a renúncia do atual reitor Paulo Borges Campos Júnior, apontando por esses profissionais como um dos agravantes para o cenário crítico da Metodista. Houve momentos de tensão nos últimos meses e afirmações de assédio moral por parte da direção da instituição.

Faro ainda completa que a Metodista, por meio dos três campi em São Bernardo, é uma instituição rentável. “A Metodista em São Bernardo tem volume grande de alunos e a inadimplência é pequena. Então há recursos para cumprir com suas obrigações, mas só não cumpriu, pelo que consigo perceber, porque há uma mantenedora que distribui (a renda) para (outras) instituições (da rede Metodista) mais carentes de recursos. Ou seja, a universidade democratiza a crise”, considera.

O RD procurou a assessoria da Metodista para que o reitor Paulo Borges se pronunciasse a respeito dos atrasos de salários e dos depósitos de FGTS, porém, não houve pronunciamento até o fechamento desta edição.

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