EMTU multa em R$ 4,9 milhões empresas da região desde 2015

Foto: Arquivo

À espera por nova licitação desde 2006, os usuários do sistema EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) passam por um calvário diário nos ônibus intermunicipais. Reflexo do cenário está nas multas aplicadas pela estatal às permissionárias que operam nas sete cidades, superior a R$ 4,9 milhões desde 2015. No período, a MobiBrasil encabeça as reclamações.

De acordo com a EMTU, foram aplicadas multas às permissionárias com circulação na região no total de R$ 2,2 milhões em 2015, com os maiores penalidades às empresas MobiBrasil, Viação ABC e Publix. Em 2016, o Estado cobrou R$ 1,9 milhão em sanções, novamente com as três empresas entre as mais punidas. Não houve discriminação de valores pela estatal por empresa – veja tabela 1.

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Clique na imagem para ampliá-la. Tabela 1

Segundo último levantamento de 2017 (data não revelada), já foram aplicados, em penalidades, R$ 842,1 mil, com as operadoras Ribeirão Pires, MobiBrasil e Transbus entre as mais punidas. A última empresa, inclusive, opera há décadas linhas que atendem a São Bernardo, São Caetano e Diadema, mas desde outubro de 2016, assumiu em caráter emergencial três itinerários a partir de Santo André, operados anteriormente pela Viação São José, que encerrou as atividades por problemas financeiros.

Clique na imagem para ampliá-la. Tabela 2

Ao RD, a EMTU também esclareceu as 10 linhas que mais recebem reclamações no período, embora sem detalhar números. A MobiBrasil é citada oito vezes: três em 2015 (linhas 006, 154 e 044), duas em 2016 (006 e 154) e três em 2017 (006, 044 e 446) – veja tabela 2. A permissionária é seguida pela Viação Riacho Grande, que apareceu seis vezes entre os 10 itinerários com maiores queixas nesses três anos, enquanto a Viação Ribeirão Pires em quatro.

A reportagem contatou a MobiBrasil, que garantiu prestar esclarecimentos nesta sexta-feira (15). Por sua vez, o atendimento da Riacho Grande informou o e-mail do gerente de tráfego, Valdo Pereira, o qual foram direcionados os questionamentos do RD, sem retorno. Já a Ribeirão Pires alegou que está em recuperação judicial e, portanto, o proprietário Baltazar José de Souza não pode responder pela empresa.

Usuários

Ao longo da semana, o office boy Fabiano Rosa de Oliveira, 19 anos, sai cedo de casa, no bairro Pauliceia, em São Bernardo, para usar a linha 006 da MobiBrasil – tarifa R$ 5,40 –, que parte do Jardim Nazareth ao Terminal Sacomã, na zona sul de São Paulo. De lá, o usuário embarca no Metrô para chegar ao trabalho na Sé. “É a pior opção (a linha 006), porque apesar de ser ônibus grande, é muita gente. O intervalo é longo, até 20 minutos. E os ônibus são mais antigos”, disse.

Na volta ao Terminal Sacomã, Oliveira se dirige à universidade e por essa razão usa a linha 153 – passagem a R$ 5,95 –, da empresa Riacho Grande. O itinerário tem dois problemas, diz o usuário: os ônibus modelos midi (médio porte) somado ao horário de pico. “Precisamos de ônibus maiores, porque nos horários de pico, falta espaço. Às vezes nem se consegue entrar. Mas na pontualidade, é regularmente de 15 em 15 minutos”, ponderou.

Gabriela Bastos, 22 anos, usa a linha 323 – R$ 4,20 –, da São Camilo, desde 2014, da sua residência na Vila Liviero, na Capital, para São Bernardo, onde cursa Jornalismo, na Metodista. “Faz bastante tempo que pego essa linha, e desde então já sei o quanto é ruim, porque nunca tem horário certo, ônibus velhos que quebram, os motoristas são sobrecarregados e poucos gentis. Eu fiz reclamação na EMTU e nunca houve melhoria. E a tarifa só aumenta”, disse. (Colaborou Raíssa Ribeiro)

Licitação trava de novo e ABC segue com frota mais antiga

Autorizada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em decreto publicado no Diário Oficial do Estado (saiba mais), a licitação pela concessão das linhas intermunicipais da Região Metropolitana de São Paulo agora está prevista para este mês, embora sem data fixada, segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado.

A última projeção do governo do Estado era para o fim de agosto, após adiamentos em janeiro e junho. Entre as cinco áreas operacionais da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), o ABC – Área 5 – enfrenta as condições mais precárias e conta com a frota mais antiga, com média de 8,5 anos.

Um dos empecilhos para a realização da licitação é os processos judiciais, referentes às empresas de Baltazar José de Souza, que atualmente operam por meio de uma liminar por estar em recuperação judicial. Além disso, as operadoras de ônibus da região esvaziaram por cinco vezes outros certames, alegando que aqui os custos operacionais são maiores que das outras quatro áreas já licitadas.

Por essa razão, as empresas da Área 5 operam sob o regime de permissão, com exceção da Metra, concessionária responsável pela circulação de ônibus no corredor ABD, e conta com licitação diferenciada. Sem uma situação estável, as sete cidades da região passam a sofrer com veículos antigos, muitos deles precários e rotineiramente com defeitos ao longo do percurso, além de falta de cumprimento de horários.

De acordo com a EMTU, a idade média da frota de coletivos da Área 1 (abrange cidades como Cotia, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Taboão da Serra e arredores) é de cinco anos. Em seguida, a Área 2 (Barueri, Itapevi, Francisco Morato e região) está com média de seis anos, enquanto as áreas 3 (Guarulhos e entorno) e 4 (Mogi das Cruzes, Suzano e proximidades) são de 4,9 anos e 5,2 anos, respectivamente.

Atualmente, o Área 5 tem 750 veículos de empresas permissionárias da EMTU, segunda menor frota da Grande São Paulo, à frente apenas da Área 4 com 382 coletivos. A Área 2 conta com 1.381 ônibus, seguida das áreas 3 e 1, com respectivamente 963 e 867 carros.

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