Reciclagem alcança apenas 12% de lixo seco em Santo André

Mesmo com a política de coleta seletiva, Santo André ainda precisa ampliar a conscientização ambiental à população e também a mão de obra nas duas cooperativas de reciclagem existentes. Isso porque apenas 12% das 35 toneladas diárias de resíduos coletados como lixo seco são reaproveitados, algo em torno de 4,2 toneladas, segundo o superintendente do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Ajan Marques de Oliveira, em entrevista ao RDtv. O gestor também falou sobre o gerenciamento de água e esgoto, negociação da dívida com a Sabesp, bem como seu trabalho desenvolvido na Autarquia desde o início do ano.

Outro desafio do Semasa é a mistura do lixo úmido – formado por materiais orgânicos e não recicláveis – junto ao lixo seco destinado às cooperativas, ambas na Cidade São Jorge e próximas ao aterro municipal. De acordo com dados da autarquia, 45% desse montante são resíduos impossibilitados para reaproveitamento, algo em torno de 15,75 toneladas diárias.

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Ajan reconhece que ainda é preciso informar à população sobre o processo de triagem. Em ação conjunta com o governo do prefeito Paulo Serra (PSDB), o Semasa estuda campanhas de conscientização para mudar gradualmente o quadro. “A coleta seletiva é uma das coisas que a gente tem como meta de ampliar a eficiência, porque percebemos que há uma adesão pequena, principalmente saindo da região central”, diz.

Todas as propostas ainda estão em estágio incipiente, porém, podem englobar campanhas nas escolas municipais para ampliação do senso de preservação ambiental aos alunos; e em regiões mais carentes, uma alternativa é incentivos como cestas com produtos hortifrúti. Ainda não há previsão de quando as ações serão colocadas em prática e antes passarão pelo crivo do prefeito.

Ajan fala em ampliar medidas de conscientização. (Foto: Giullia Micali)

Entretanto, não basta apenas conscientização para mudar a baixa adesão da coleta seletiva em Santo André. As duas cooperativas de reciclagem contam juntas com 80 trabalhadores, em turno comercial. O Semasa deve inaugurar neste ano um terceiro ponto, na região do 2º subdistrito, e cogita lançar em conjunto com as centrais de triagem mais um turno de operação na busca de maior eficiência no processo de reciclagem.

A cidade ainda tem 18 pontos distribuídos para recebimentos de material seco – desempenham função de ecopontos –, que não podem ser levados por caminhões de lixo, como colchão, eletrodomésticos, móveis e outros produtos de maior porte. Os locais funcionam todos os dias, sendo 12 deles das 8h às 19h, enquanto outros seis das 8h às 16h. O Semasa inaugurará neste ano mais um posto no Jardim Santo André e a meta é elevar para 27 endereços até 2020.

Quanto ao lixo úmido, Santo André coleta 630 toneladas diárias de resíduos domésticos – sem contar com materiais agregados equivocadamente ao lixo seco –, que são destinados ao aterro municipal.

Água

Cai o número de reclamações de falta d’água, segundo o Semasa. (Foto: Divulgação)

Irritação de longa data e sempre alvo de promessas eleitorais, o problema da falta d’água na torneira dos moradores de Santo André teve queda no índice de reclamações, passando de 5.645 em fevereiro para 1.605 queixas em junho, segundo o Semasa. “O prefeito tem diálogo com o governo do Estado e com a Sabesp em alto nível, apresentando as nossas considerações à companhia a respeito do volume, que por sua vez nos atendeu com demanda maior”, pontua o superintendente.

Em 2016, a vazão de água média enviada mensalmente pela Sabesp a Santo André era de 1.987 litros por segundo, enquanto neste ano está em 2.250 litros por segundo. No entanto, a solução esbarra em outro problema: a falta de reparo contínuo no sistema de tubulação. “Esse volume maior ocasionou uma grande pressão em nossas redes, que são antigas e sem manutenção efetiva”, completou Ajan.

O Semasa afirma adotar medidas contra os vazamentos e, segundo nota, remanejamento de redes mais antigas.

Sabesp

Com relação à dívida com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Ajan diz que ainda negocia em conjunto com o Paço um consenso com a estatal. Pelo lado de Santo André, o passivo está calculado em R$ 1,2 bilhão, mas a companhia paulista estima em R$ 3,5 bilhões. Todo o débito de diferenças da tarifa da água comprada por atacado pela autarquia.

Desde o ano passado, a Sabesp exige R$ 1,96, mas o Semasa despende R$ 0,98. Enquanto isso, o governo avalia que esse modelo de compra de água por atacado da está obsoleto e não descarta a concessão parcial ou integral do serviço à iniciativa privada ou à própria estatal. No mês passado, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) arquivou processo no qual questiona os valores tarifários cobrados pela companhia.

“O Semasa faz distribuição e tratamento de água, coleta e encaminhamento do esgoto ao tratamento. Também fazemos drenagem e limpeza urbana e também expedição de licenças ambientais. O que se discute com a Sabesp é agua e esgoto. Se esses dois serviços descontinuarem na autarquia, há outras atividades sob nossa gerência ou que podem ser encaminhadas à administração direta (Prefeitura de Santo André), lembra o superintendente.

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