A Ford anunciou nesta quinta-feira (10/08) que os funcionários que estavam no regime de layoff serão demitidos a partir desta sexta-feira (11). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), 364 trabalhadores que estavam na planta de São Bernardo perderão seus empregos. Uma assembleia será realizada para definir quais serão os próximos movimentos em torno do caso.
A informação chegou aos funcionários por meio de um telegrama enviado pela montadora. Com o fim do período do layoff, a Ford preferiu encerrar o vínculo com esses trabalhadores. O RD entrou em contato com o Sindicato, que confirmou a informação.
Não concordando com a ação, a entidade sindical informou que organizará nesta sexta-feira (11), às 6h, na porta da fábrica, uma assembleia para definir os próximos passos. A reportagem tentou contato com o presidente do SMABC, Wagner Santana, o Wagnão, mas até o encerramento desta reportagem não houve retorno.
Em nota, a Ford confirmou a situação, justificando o ato com a crise econômica. “Devido à necessidade de adequar os níveis de mão de obra às demandas do mercado, estamos fazendo o desligamento dos funcionários da planta de São Bernardo do Campo que estavam em layoff”, se posicionou a empresa.
Segundo a direção da companhia, desde 2015 foi adotada “uma série de medidas para administrar o excesso de empregados decorrente da redução do volume de produção” na planta de São Bernardo, como PPE (Programa de Proteção ao Emprego), PDV (Programa de Demissão Voluntária), suspensão temporária do contrato de trabalho (layoff) e férias coletivas.
O Sistema Único de Representação (SUR) e o Comitê Sindical de Trabalhadores (CSE) da Ford informaram que, além dos cortes de postos de trabalho, a empresa também “romperá o diálogo com o sindicato”. Questionada sobre o assunto, a empresa não mencionou qualquer situação referente ao assunto.
Em entrevista ao canal RDtv, nesta quinta-feira (10), o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), afirmou que está disponível para conversar com a Ford, porém reconheceu o momento difícil que a empresa vive. “Estive lá na semana passada, existe realmente uma situação difícil. Infelizmente é uma questão que está diretamente relacionada à crise que vive o Brasil com aquilo que foi feito nos últimos anos com o País. Então temos de esperar uma melhora no cenário nacional”, afirmou.
Morando reafirmou que ainda busca junto ao governo do Estado a liberação de R$ 5 bilhões referentes ao crédito do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço) para investimento na área de ferramentaria, o que segundo o chefe do Executivo pode causar novos investimentos, por consequência, na indústria automobilística.
Histórico
Em atividade desde 1967, o Conjunto Industrial Ford São Bernardo fabrica no bairro Taboão atualmente apenas um modelo de automóvel, o New Fiesta Hatch. Além disso, também produz 24 modelos de caminhões leves, médios, pesados e extrapesados, e caminhões da Série F: o semi-leve F-350 e os leves F-4000 e F-4000 4×4.
Sindicato
Em assembleia realizada pelo SMABC na manhã desta sexta-feira (11), os trabalhadores da Ford iniciaram um processo de mobilização contra as demissões de 364 metalúrgicos, que estavam em lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho). Com isso, paralisaram o setor de estamparia da fábrica, área considerada estratégica por dificultar o restante da produção.
A entidade avalia que a montadora agiu de forma irresponsável ao romper as negociações com o Sindicato e anunciar as demissões, sendo que o acordo coletivo em vigor – negociado no final de 2016 – garante estabilidade no emprego até janeiro de 2018.
“Vamos aguardar um retorno da empresa até a próxima terça-feira (15) para conversar com o sindicato. Caso isso não ocorra vamos realizar nova assembleia na quarta (16) e novos setores devem ser paralisados”, diz Alexandre Colombo, diretor executivo do SMABC.