Em meio ao risco de corte de subvenções, representantes de entidades filantrópicas encheram o auditório da Câmara dos Vereadores de Santo André nesta quinta-feira (03/08), em protesto contra o governo do prefeito Paulo Serra (PSDB). O maior alvo das críticas foi o secretário de Cidadania e Assistência Social, Marcelo Delsir, inclusive do parlamentar e vice-líder do Paço, Fábio Lopes (PPS), que exigiu mais uma vez o seu desligamento.
A colisão entre as entidades assistenciais e o governo vem desde o começo do ano, quando começou a ventilar o corte de 10% a 15% dos repasses públicos, sob alegação de redução de gastos por parte da Pasta de Cidadania e Assistência Social. A justificativa de representantes de associações e famílias beneficiadas pelos programas é que a diminuição ou até a interrupção das verbas praticamente inviabiliza os serviços filantrópicos.
Um dos casos mais graves é do Centro Social Heliodor Hesse, fundado em 1970, cuja missão é desenvolver serviços de assistência social e educacional, entre outros, com crianças e adultos. Segundo o presidente da entidade, Ed Carlos Amorim de Melo, a associação desempenha um trabalho importante para o atendimento psicológico de pessoas em situação de desestruturação familiar.
O Centro Social Heliodor Hesse tem vínculo com a Prefeitura de Santo André desde 2002 e recebia subvenções de R$ 50 mil por mês e atende a 153 famílias. No entanto, Melo afirmou que o governo comunicou à associação o rompimento do contrato a partir de setembro. “A gente percebe que ele (Delsir) dá preferência a entidades que são amigas dele, e tira de algumas para dar a outras”, disse.
Outra entidade em risco de ter suas atividades paralisadas é a Instituição Cidade dos Meninos “Maria Imaculada”, que atende cerca de 200 crianças de seis a 15 anos e desempenha atividades físicas, de conscientização cidadã e outras ações filantrópicas. “Se (o governo) cortar as verbas, muitos pais terão de sair de seus trabalhos, porque não terão com quem deixar as crianças”, afirmou Jucimara de Almeida Silva, mãe de dois filhos atendidos pela instituição.
Publicamente, a Feasa (Federação de Entidades Assistenciais de Santo André), que reúne 35 associações, evita tratar do assunto. No entanto, representantes das organizações acusam Delsir de gerir a Secretaria de Cidadania e Assistência Social de forma autoritária e com pouco diálogo.
Inflamados pelo auditório lotado e com cartazes contrários aos cortes de repasses da administração, os vereadores direcionaram suas atenções ao tema. A oposição não perdeu a oportunidade de criticar o governo no uso da tribuna. “Não se trata de cortar recursos. Se não tem dinheiro, que se corte em obras ou até publicidade, mas não para associações sociais”, discorreu a vereadora Bete Siraque (PT).
A exemplo da sessão anterior, Lopes mais uma vez atacou Delsir e o acusou de não ter “dignidade de deixar o cargo de secretário”. O parlamentar, porém, ponderou que Serra foi pego de surpresa ao tomar conhecimento do caso. “O prefeito vai acionar o departamento técnico para rever o processo. No meu ponto de vista, os cortes não seriam necessários se tivéssemos um secretário competente. Trabalho social não é despesa e sim investimento”, cravou.
Em nota, a Prefeitura de Santo André apenas informou que as reivindicações das associações passam por análises para que não haja prejuízo dos serviços de assistência no município. Por uma solução ao impasse, Serra se reunirá com representantes dessas entidades em seu gabinete às 14h desta sexta-feira (4).