Pesquisa indica empregos e poluição atrelados ao Polo Petroquímico

Flávio Chantre, Giovanni Rocco, Francisco Sérgio Ruiz comentam os desafios da indústria no ABC. (Foto: Pedro Diogo)

Uma pesquisa inédita do Instituto Datafolha, encomendada pela Braskem, especificou como a população enxerga o Polo Petroquímico de Capuava, na divisa entre Santo André e Mauá. No levantamento apresentado nesta terça-feira (01/08), o complexo industrial tem uma avaliação positiva, principalmente no quesito “geração de emprego”, mas ainda é atrelada à sensação de poluição por moradores das duas cidades.

O Datafolha ouviu 853 residentes entre os dias 10 e 19 de janeiro deste ano. Dentro dessa amostragem, 422 pessoas são de Santo André (113 moram no entorno do Polo Petroquímico), enquanto 431 residem em Mauá (121 aos arredores da planta industrial). De uma nota de 0 a 10, o complexo recebeu avaliação média quanto à sua importância de 7,4 dos andreenses (7,1 quem mora no entorno) e 7,5 dos mauaenses (7,1).

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Entretanto, 60% dos entrevistados de ambas as cidades apontam a poluição do Polo Petroquímico, constituído por 15 empresas, como o maior ônus, citando queixas como emissão de gases poluentes, falta de filtragem e outros quesitos. Por outro lado, 67% avaliam que o complexo movimenta a economia e gera empregos. Ao todo, o conglomerado tem 10 mil postos de trabalho, sendo 2,5 mil diretos e 7,5 mil indiretos.

De acordo com o gerente de Relações Institucionais da Braskem, Flávio Chantre, a avaliação negativa se deve em parte ao desconhecimento da população sobre como se dá o funcionamento da indústria química. Um exemplo citado pelo executivo é a fumaça branca, que não contém agentes poluentes. Segundo o Datafolha, 83% dos entrevistados em Mauá e 77% de Santo André não sabem o que a empresa produz.

“Pela Braskem, avalio que temos que melhorar a comunicação, porque o processo industrial é esse, como o resfriamento, que vai continuar, assim saindo fumaça branca. O que a gente precisa é comunicar melhor. Vamos fazer uma análise profunda da pesquisa, como podemos divulgar melhor nas redes sociais, internet, mídia tradicional, para esclarecer o processo de funcionamento do Polo”, descreve o gerente.

Sobre outros levantamentos que indicam o aumento de doenças respiratórias e de Tireoidite de Hashimoto aos moradores próximos do Polo Petroquímico, Chantre afirma que não há relação dos casos com a emissão de poluentes das empresas que compõem o complexo. Alguns estudos atrelaram os aumentos de casos ao crescimento de número de empresas na planta, mas não há consenso entre os profissionais de saúde sobre a relação.

“A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) tem um posicionamento bastante claro no qual nega veementemente qualquer relação da indústria química com algum tipo de mal-estar ou doença na tireoide. Inclusive, há estudos que mostram o contrário. E o Polo Petroquímico existe há 45 anos. Então se houvesse ligação de doenças respiratórias, certamente esses 10 mil trabalhadores, que estariam doentes”, diz.

Na apresentação dos números do Datafolha, que ocorreu no restaurante Baby Beef, no bairro Jardim, em Santo André, também estiveram presentes o secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Giovanni Rocco, e o gerente executivo do Cofip (Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC), Francisco Sérgio Ruiz.

Zoneamento

Polo Petroquímico de Capuava, na divisa de Santo André e Mauá. (Foto: Divulgação)

Outro ponto esperado pela Braskem é os avanços da discussão com a Prefeitura de Mauá nas alterações na Lei de Zoneamento e no Plano Diretor, visando a expansão do Polo Petroquímico, que hoje não tem mais para onde se crescer. Na avaliação dos empresários, sem poder se ampliar sua área, o complexo corre o risco de perder a competitividade no mercado em aproximadamente 25 anos. Por ora, porém, as discussões ainda estão em fase incipiente, ou seja, sem avanços concretos.

Infraestrutura urbana

Situado a 66 quilômetros do Porto de Santos, próximo ao Sistema Anchieta-Imigrantes e ao centro econômico em São Paulo, a localização do ABC é vista pelos empresários como privilegiada, porém, ainda há muito que se fazer por parte das prefeituras. Entre as observações, estão a necessidade de melhoria das vias públicas para facilitar a logística e também a implantação de placas de sinalização em ruas e avenidas a fim de identificar o caminho ao Polo Petroquímico.

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