Outra doadora de Auricchio também entra na mira do MP

Mais uma doadora eleitoral do prefeito de São Caetano (foto), José Auricchio Junior (PSDB), pode entrar na mira do MPE (Ministério Público Eleitoral). Desta vez é Maria Alzira Garcia Correia que, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), repassou R$ 350 mil ao tucano, durante a eleição municipal em 2016. A Promotoria já investiga Ana Maria Comparini Silva, que transferiu R$ 293 mil, embora ela desconheça o chefe do Executivo.

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Segundo o promotor Newton José de Oliveira Dantas, já houve solicitação à Justiça Eleitoral para o MPE assumir o polo ativo do processo, ou seja, a tutela da denúncia a respeito de Maria Alzira, que também cita Ana Maria. A ação foi impetrada pelo PMDB, partido do ex-prefeito e rival do tucano no último pleito Paulo Pinheiro. No entanto, a legenda retirou a ação no cartório da 166ª zona eleitoral, situado no Atende Fácil.

De acordo com o artigo 21 da resolução nº 23.463/2015 do TSE, a soma das doações de uma pessoa física é limitada a 10% dos rendimentos brutos declarados no Imposto de Renda do ano anterior ao período eleitoral. Portanto, para corresponder a tais doações destinadas a Auricchio, Maria Alzira e Ana Maria teriam de contar, em 2015, com R$ 3,5 milhões e R$ 2,93 milhões, respectivamente, em recebimentos declarados.

Na ação impetrada pelo PMDB, consta que Maria Alzira é uma senhora de 89 anos e, na ocasião da eleição municipal, “estava a processar seu plano de saúde, da Amil Assistência Médica Internacional S/A, para receber cuidados médicos”. A denúncia ainda cita que o processo feito pela doadora foi impetrado na 2º Vara do Juizado Especial Civil de São Paulo, na rua Vergueiro, em São Paulo.

Para a Promotoria, os depósitos em nome de Maria Alzira podem se enquadrar como caso de idoneidade financeira, pois a pessoa não teria condições econômicas de realizar tais repasses a Auricchio. Segundo dados do TSE, estão sob responsabilidade da doadora três transferências à conta eleitoral do tucano e do vice-prefeito, Beto Vidoski (PSDB), entre os dias 19 e 25 de outubro, nos valores de R$ 20 mil, R$ 80 mil e R$ 250 mil.

Ao todo, Auricchio acumulou R$1.576.806,35 em receitas para a campanha eleitoral em 2016 na busca de seu terceiro mandato no comando do Palácio da Cerâmica. O tucano se saiu vitorioso no pleito, com 34.34% dos votos válidos (32,067 eleitores), ao desbancar Pinheiro, então prefeito e seu desafeto político, com 30.71% (28,674).
A Prefeitura de São Caetano foi procurada para Auricchio prestar a sua versão na matéria, mas o governo optou pelo silêncio.

Ana Maria não conhece o prefeito

Há duas semanas, o RD visitou a casa de Ana Maria, situada no bairro Fazenda Grande, em Jundiaí, SP. A reportagem entregou em suas mãos a foto de Auricchio, mas a moradora afirmou não conhecê-lo e também negou que tivesse R$ 293 mil para doação eleitoral, muito menos um rendimento bruto de R$ 2,93 milhões. Segundo o MPE, a moradora não prestou declaração de Imposto de Renda em 2014 e 2015.

Em Jundiaí (foto), Ana Maria reside em uma casa modesta, que não ostenta qualquer tipo de luxo. O muro da residência está sem acabamento, pichado e com a cor laranja dos tijolos. Em conversa com moradores do bairro Fazenda Grande, a reportagem ouviu relatos de desemprego e nenhum deles afirmou conhecer uma pessoa capaz de realizar tais repasses e que um dia tivesse um rendimento milionário.

Ana Maria informou que a responsável por cuidar de suas finanças é a filha, Rita de Cássia Silva, que trabalha para a Globo Contábil, com sede em São Paulo. Segundo a prestação de contas do TSE, a empresa foi contratada por Auricchio na eleição de 2016, por R$ 20 mil. Por essa razão, a moradora deve prestar depoimento ao MPE sobre o caso nas próximas semanas.

Por conta de indícios que demonstrariam irregularidades, a Promotoria solicitou a quebra do sigilo bancário de Ana Maria ao TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), procedimento autorizado pelo juiz Luiz Guilherme da Costa Wagner. A defesa da doadora classifica o pedido do MPE como “uma ilegalidade e violação aos direitos fundamentais” e contesta a medida nos tribunais.

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