Sindicato dos Metalúrgicos defende interlocução de Morando para manter Saab na cidade

O presidente eleito para o novo mandato no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (2017/2020), Wagner Santana, o Wagnão, afirmou em entrevista à RDtv que a entidade procurou o prefeito Orlando Morando na semana passada para falar sobre a possível instalação de uma planta da Saab na cidade para fabricação de componentes dos aviões-caça Gripen. A entidade aposta na intervenção do chefe do Executivo para que a nova empresa de fato venha para São Bernardo, já que estaria correndo o risco de ir para Monteiro Lobato, cidade no Vale do Paraíba.

“Estamos tendo um problema com a possível decisão da que a planta da Saab não fique na cidade. Já estava certo de ser em São Bernardo, mas agora está ameaçada de ser transferida porque a Embraer quer essa produção mais próxima”, disse Wagnão.

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O dirigente destacou que está preocupado em defender os interesses dos trabalhadores, e por isso, a entidade procurou o prefeito para que contribua na permanência da empresa na cidade. “Ele é do mesmo partido que o governador (Geraldo Alckmin) e tem um papel a ser feito em relação a isso. Nós não vamos nos eximir de fazer esse tipo de conversa para intervenção do poder público”, pondera.

Wagnão disse ainda não ter votado em Morando, mas acredita que o mandatário do Paço tem que exercer o papel de se relacionar com as empresas e instituições para defender o emprego.

Sobre o episódio envolvendo a definição da fabricação de dois novos produtos na planta da Volkswagen, o presidente do Sindicato ressaltou mais uma vez que o acordo foi fechado em 2015. O processo, que teve Wagnão à frente das negociações, estava focado na necessidade da instalação de uma plataforma global na cidade.

As negociações vinham sendo discutidas desde 2012 para que o Brasil tivesse a plataforma, mas naquele momento, ainda não havia conhecimento sobre qual carro seria fabricado, assunto que foi ratificado em janeiro de 2015, no período em que os trabalhadores acabaram entrando em greve. Na oportunidade ocorreu a consolidação do acordo para fabricação dos produtos. Já em agosto do ano passado ficou definido que seriam o novo Polo e um Sedan, agora anunciado como Virtus. “O que o prefeito não pode é se aproveitar de uma discussão que já estava feita”, disse Wagnão, se referindo a viagem de Orlando para a Alemanha no período do anúncio feito pela montadora.

O dirigente destacou que o Sindicato vai continuar com papel de defesa do emprego de qualidade e defender que a região mantenha a característica de produção de inteligência, e para isso, entre outros pontos, é preciso relação estreita com as universidades.

Wagnão anunciou ao RD que o ex-presidente da entidade, Rafael Marques, vai coordenar o Instituto de pesquisa sobre a Indústria, projeto em parceria com outros sindicatos parceiros. “Ele está viajando para a China hoje para conhecer como é a indústria e o seu crescimento”.

Wagnão é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (Foto: Giullia Micali)

Lula

Sobre a condenação do ex-presidente Lula, expedida pelo juiz Sérgio Moro, na quarta-feira (12), Wagnão disse que o fato já era previsto, no entanto foi de caráter político, já que de acordo com o sindicalista, Lula já provou sua inocência. Ele ponderou que o assunto está ligado ao fato de o ex-presidente ser candidato novamente em 2018, pois desponta com bons números nas pesquisas eleitorais para o Planalto. “A previsão de retirá-lo do processo eleitoral estava dada. Não há um documento que comprove que o Lula seja dono do apartamento, aliás os que existem comprovam a inocência dele”. Com isso acredita que a decisão será revertida em segunda instância.

Outro fato que o dirigente julgou como estranho foi o período em que a condenação foi concedida. “Na segunda feira a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprova a investigação do presidente Michel Temer. Na terça é aprovada a reforma Trabalhista, e na quarta sai essa condenação. O assunto é de caráter político”.

A aprovação da reforma Trabalhista também foi muito criticada. Ele chegou a dizer que o assunto envolve uma série de pontos que a população desconhece, e com isso, a adesão para protestos contra a legislação acabaram não tendo o resultado desejado.

Um dos temas bastante explorados durante as discussões foi a questão da contribuição sindical que integra a reforma. “Sou contra a obrigatoriedade, mas defendo a liberdade e autonomia do sindicato. Acredito na contribuição voluntária”.

Entretanto, ratificou que o ideal seria que os não associados não fossem contemplados com os benefícios que o sindicato conquista. “Se eu faço uma negociação coletiva e conquisto um aumento de salário, deveria valer só para os sindicalizados”, diz Wagnão e acrescenta que a questão poderia ser discutida em uma reforma sindical.

“Muitos sindicatos que dependem da cobrança obrigatória deixarão de existir agora. É o que a gente chama de sindicato de gaveta, que é só para arrecadar dinheiro. E esses devem ser extintos mesmo, prejudica a imagem do nosso sindicato, por exemplo”, completa.

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