Funcionários públicos de Santo André não descartam a possibilidade de uma paralisação da categoria diante da proposta da Prefeitura de 0% de reajuste de salários para este ano. Na tentativa de consenso, uma reunião foi marcada para segunda-feira (26), entre o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos de Santo André) com o prefeito Paulo Serra (PSDB). No mesmo dia, a entidade fará uma assembleia com a categoria para votar a proposta do governo.
Os servidores reivindicam reajuste salarial de 15,57%, sendo 4,57% referentes à inflação dos últimos 12 meses e mais 11% de perda acumulada – pelas reposições inferiores à inflação dos últimos anos. Os servidores também pedem abono salarial de R$ 1.500, plano de carreira, vale refeição de R$ 30 por dia, vale alimentação de R$ 350 a todos os servidores, entre outras reivindicações. A data-base da categoria é 1º de abril.
Já a Prefeitura oferece 0% de reajuste para este ano e pagamento de 50% do 13º salário ainda neste mês. “Os representantes afirmam que não há condições financeiras e orçamentárias para o reajuste. Estou na municipalidade há pouco tempo, mas acredito que essa possa ser a primeira vez em que nem o índice da inflação será repassado”, diz a professora da rede municipal de ensino Daisy Dias Cunha, que faz parte da comissão de negociação com o Paço.
A docente não descarta a partir da assembleia que o funcionalismo opte pelo estado de greve, que é o primeiro passo para uma paralisação geral dos trabalhadores. “A maioria dos servidores vai definir o que será feito adiante. Caso seja mantido o mesmo posicionamento, não se pode descartar um estado de greve”, exemplificou.
Desde o fim de 2016, o Sindserv está sob intervenção judicial, por conta de suspeita de fraude na última eleição para presidente da entidade. Em 17 de abril, houve assembleia realizada na sede do sindicato, coordenada pelo administrador judicial, Marco Antônio Parisi Laura. Na ocasião foi eleita uma comissão de cinco trabalhadores para a campanha salarial.
Daisy afirma que não ter uma mesa permanente de negociação atrapalhou a campanha salarial deste ano. “Há alguns pontos que a Prefeitura só negociará com a mesa permanente e não com a comissão”, explica.
Nova eleição
Também na próxima semana, começa a discussão sobre eleições internas para definir a nova diretoria e presidência do Sindserv. A expectativa é que o edital seja publicado até terça-feira (27). O processo deve ocorrer em três votações, sendo que a chapa que tiver 50% mais um será a vencedora do processo.
O governo Serra diz enfrentar problemas financeiros desde o início da gestão e assegura que realizou cortes de 40% de cargos comissionados, além de diminuição de secretarias por meio de reforma administrativa aprovada na Câmara dos Vereadores. Um dos principais gargalos é o pagamento de R$ 1,7 bilhão de precatórios que, por conta de uma lei federal, devem ser quitados até 2020.