A Represa Billings pode entrar em colapso nos próximos 10 anos se não houver investimentos do poder público em saneamento básico, despoluição das águas, reflorestamento das margens do reservatório, entre outras ações. A constatação é da pesquisadora e professora da Universidade de São Caetano do Sul (USCSC), Marta Marcondes e do ecoesportista, Dan Robson (foto), responsáveis pela pesquisa Expedição Billings, em entrevista ao canal RDtv, nesta quinta (22).
A pesquisa, que teve início há três anos e deve ser concluída nos próximos sete, verifica quais são os impactos ambientais e para a saúde das pessoas, a falta de saneamento básico e também ocupações irregulares no entorno do reservatório.
No estudo foram constatados 64 pontos classificados péssimos e ruins de poluição no reservatório, sendo dois deles no ABC e o restante nos braços que banham a Capital. O mais crítico está em Rio Grande da Serra, no local onde é feita a transposição das águas da Billings para o rio Taiaçupeba. Outro ponto crítico na região é na divisa de Diadema com São Paulo, por conta do adensamento do local.
“A preocupação é que esses pontos se multipliquem nos próximos anos. É necessário que intervenções de saneamento básico sejam iniciadas o quanto antes para reverter esse quadro. Caso isso não ocorra, esses pontos podem se espalhar por outros braços da represa que pode entrar em colapso”, adverte a pesquisadora Marta Marcondes.
Outro fator que causa a piora na qualidade da água é o adensamento nas margens da represa. A estimativa é que em seu entorno residam 1,5 milhão de pessoas, sendo 250 mil no ABC. “Essas pessoas não têm acesso a saneamento básico e estão desmatando as margens do reservatório. É preciso que parte seja removida e haja um replantio de árvores no local”, diz.
Entre as consequências da piora da qualidade estão problemas de saúde e encarecimento da conta de fornecimento de água. “As pessoas podem desenvolver problemas de pele e de estômago. Vale ressaltar que qualquer água pode ser tratada, mas a pergunta é: a que preço?”, questiona.
Com relação ao ponto de Rio Grande da Serra, a pesquisadora destaca que somente no local, a represa perdeu 1% da capacidade de armazenamento, entre 2016 e 2017. “São plantas que morrem e seguem para o fundo do reservatório, além de outros dejetos que são jogados. Além disso, esse é um fenômeno que ocorre há muito tempo e precisa ser revertido”, salienta.
Robson, que também é o idealizador do projeto Água do Amanhã e já participou de outros projetos relacionados ao tema, destaca que somente neste ano, foram percorridos 462 quilômetros na Billings para coleta de amostras em 164 pontos. “Isso é uma constante, pois queremos analisar se há uma melhora da qualidade dessa água”, diz.