Salários fora de realidade

Dizem que o Poder Legislativo é a instância política mais próxima da população. Na prática, a premissa não deixa de ser verdade, porque é mais fácil um munícipe cobrar um vereador do que um representante do Executivo. No entanto, em matéria de salários de vereadores e seus cargos de confiança, parece que o espelho da crise econômica que deixa 14,2 milhões de desempregados não reflete às câmaras, como em Santo André, São Bernardo e São Caetano.

Aliás, em São Caetano, menor cidade entre os três municípios, o Repórter Diário apurou que a média salarial dos 107 comissionados do Legislativo é de R$ 13.306,37. Juntando esses valores aos subsídios dos 19 parlamentares – R$ 10.021,17 –, chegamos ao gasto total de R$ 1.614.184,17 por mês. Tudo bem, a folha salarial por gabinete em São Caetano cairá de R$ 66.013,65 para R$ 54.987,75 a partir de julho, quando cada vereador passará a ter quatro, em vez de cinco assessores. Mesmo assim, os salários altos permanecerão.

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O mais impressionante, porém, é a naturalidade de como essa realidade paralela à população é tratada. O presidente da Câmara de São Caetano, Pio Mielo (PMDB), diz que os números são normais, pois o Legislativo cobra escolaridade de ensino superior e cargos específicos. Esquece ele, porém, que há muitas pessoas com diploma em diversas áreas, que buscam emprego ou ganham uma remuneração aquém para sustentar suas famílias e seus sonhos, em meio à crise econômica que flagela o Brasil.

Os números de São Bernardo e Santo André também merecem atenção e esclarecimento ao público. Quando questionados, os presidentes das câmaras falam que já estão cortando custos, mas a verdade ainda mostra que a crise ainda não chegou aos quadros funcionais do Poder Legislativo.

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