Presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) negou a saída de Diadema do colegiado, nesta segunda-feira (08), contrariando a vontade do seu homólogo diademense Lauro Michels (PV). Mesmo em tom sereno, o tucano não deixou de alfinetar o verde, ao dizer que ele pessoalmente não faz falta ao colegiado, mas que a Procuradoria da entidade não aceitará “arbitrariedades” na retirada do município.
(Confira aqui a entrevista de Michels ao RDtv)
A resposta de Morando vem depois das declarações de Michels dadas na quinta-feira (04). Na ocasião, o prefeito diademense afirmou que o Consórcio não tem autoridade de impedir a saída da cidade do colegiado e, por autonomia, tampouco precisaria do aval da Câmara dos Vereadores, já que os parlamentares não podem onerar os gastos do Poder Executivo.
Por sua vez, o tucano criticou o que considera “falta de coerência” de Michels em questionar a necessidade da abertura de um escritório da instituição em Brasília, para servir de canal de diálogo com o governo federal, e por anteriormente ser aliado do antecessor no comando da Prefeitura de São Bernardo e também da presidência do Consórcio, Luiz Marinho (PT).
“Ele (Michels) deveria estar nervoso. Fato normal… Só estranho que ele deveria ter visto isso nos quatro anos do primeiro mandato dele. Diminuímos pela metade o Orçamento do Consórcio e vamos abrir um escritório em Brasília. E muito me estranha essa crítica fora de tempo, porque fazemos mais com menos, diferentemente do meu antecessor (Marinho), que ele (Michels) apoiou e nunca o criticou”, rebateu o tucano. (Confira áudio com a resposta completa de Orlando Morando)
“O Consórcio é uma entidade pública e vamos buscar qualquer decisão dentro da legalidade e sem arbitrariedade. (Diadema) permanece no Consórcio, até porque vamos buscar os mecanismos legais. Não que ele (Michels) faça falta pessoalmente ao Consórcio. Mas aquilo não é meu, é sim um instituto público e qualquer decisão deve ser tomada dentro da legalidade”, completou Morando.
Críticas de Michels
A alegação pública de Michels para a saída de Diadema do colegiado dos sete prefeitos é financeira, visto que ele justifica não ter condições de caixa para pagar as 72 parcelas da dívida total de R$ 8,3 milhões do município com a entidade e manter ao mesmo tempo o pagamento de repasses mensais de R$ 200 mil. Politicamente, a relação do verde e Morando, antigos aliados, já estava estremecida, entre as razões, pela aproximação do prefeito diademense com o deputado federal Alex Manente (PPS), rival político do tucano em São Bernardo.
Mesmo sem citar nominalmente Marinho, Michels também criticou os governantes anteriores, afirmando que “não teve participação direta em nenhuma decisão do Consórcio, pois existia um ‘complô de prefeitos’”. “Em 2013, foi anunciado R$ 130 milhões para cidade de Diadema. Mas Rio Grande da Serra recebeu recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade pelo prefeito do PSDB (Gabriel Maranhão) ter declarado apoio à (ex-presidente) Dilma (Rousseff, PT)”, disparou.
Segundo Maranhão, de fato Rio Grande da Serra recebeu R$ 16 milhões dos R$ 39 milhões previstos pela União. O valor original era de R$ 41 milhões, mas o tucano disse que o montante orçado foi reduzido após estudo na elaboração da licitação.