São Bernardo está prestes a enfrentar a segunda greve dos coletores de lixo em 2017, desta vez a partir do dia 06 de maio, novamente por conta da queda de braço entre o prefeito Orlando Morando (PSDB) e o consórcio SBC Valorização de Resíduos Sólidos Revita e Lara, responsável pelo serviço de limpeza urbana. A crise ganhou novo capítulo após a empresa comunicar ao Siemaco ABC, sindicato representante da categoria, que não tem condições de depositar os salários dos 1 mil trabalhadores do setor, previsto para o dia 5, culpando o governo pela suspensão dos repasses.
O cenário para segunda greve dos coletores de lixo em São Bernardo foi previsto pelo Repórter Diário em 31 de março, uma vez que a terceirizada já alegava dificuldade de honrar com as remunerações de sua mão de obra em meio a essa guerra com a gestão Morando. Na noite desta quinta-feira (27), o Siemaco se reuniu com cerca de 300 trabalhadores do período noturno, na sede da própria empresa, que aprovaram o estado de greve.
O próximo passo da entidade sindical é se reunir com os coletores diurnos da SBC Valorização de Resíduos Sólidos, na manhã desta sexta-feira (28), no mesmo local. Tendo aval definitivo de toda categoria, tanto o governo como a empresa serão comunicados da iminência de uma nova paralisação, a exemplo do que ocorreu entre os dias 06 e 08 de fevereiro, também por atraso das remunerações. “Se a empresa não fizer o pagamento dos salários no dia 05 de maio, nós vamos entrar em greve no dia 06”, assegura o presidente do sindicato, Roberto Alves.
O primeiro sinal de mais um episódio desta crise ocorre no bolso dos trabalhadores também nesta sexta, pois estava previsto o depósito de R$ 691 de vale-refeição/alimentação, mas a concessionária adiantou que repassará apenas a metade do valor, ou seja, R$ 345,50, completando o benefício apenas na próxima quarta-feira (03), segundo previsão passada ao sindicato.
Desde que assumiu o comando do Paço, Morando suspendeu os repasses mensais de R$ 12,5 milhões à terceirizada. O governo argumenta que o consórcio já recebeu R$ 727,8 milhões dos cofres públicos. A empresa, por sua vez, alega que a gestão Marinho já deixara passivo de R$ 68,5 milhões.
A SBC Valorização de Resíduos Sólidos também acusa a Prefeitura de São Bernardo de descumprir a determinação do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) de depositar R$ 55 milhões à empresa, referentes aos débitos empenhados e atrasado, herdados pela gestão do antecessor Luiz Marinho (PT), além do pagamento de repasses atrasados nesta gestão. Ao todo, o valor do passivo já é de aproximadamente R$ 92 milhões.
Por sua vez, o governo afirma que recebeu a intimação da decisão judicial de 7 de abril apenas no último dia 24. “E, tendo em vista que se trata de uma decisão intrincada, recorreu do parecer, o que implica na imediata suspensão da decisão”, informa o Paço, voltando a dizer que constatou diversas irregularidades, “tanto na contratação quanto na execução do contrato relativo a SBC Valorização de Resíduos”.