A disparidade entre a atividade registrada pelas empresas sediadas em Diadema e sua verdadeira função no município foi o principal destaque do Inventário Geral da Indústria, estudo que foi usado como base para a criação do Cadastro Geral da Indústria, lançado nesta terça-feira (25). O levantamento feito pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) também apontou a falta de mão de obra especializada na cidade. Prefeitura apontou medidas para reverter à situação.
Apesar de não ter um caráter fiscalizatório, o inventário aponta que 63,2% das 1.278 empresas pesquisadas realizavam de fato a atividade registrada na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, ou seja, 36,8% realizavam algo diferente do registrado. “Não é um número estranho, a média dos municípios no país está entre 60% e 65% (que realizam o serviço registrado), ou seja, estamos dentro do que chamamos de número mágico”, disse o professor da USCS, Leandro Prearo, um dos responsáveis pelo estudo.
Para o secretário da pasta de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Laércio Soares, o fato acontece por causa das facilidades encontradas em declarar determinados tipos de atividade para conseguir as autorizações necessárias para o funcionamento. “Temos casos de empresas que querem se instalar na cidade para fazer determinadas atividades, mas que encontram algumas dificuldades, então (os empresários) acabam recebendo uma orientação errada. Vamos rever toda essa situação”.
Outra dificuldade encontrada pelo estudo é a procura pela mão de obra qualificada. Em média, 48% das empresas pesquisadas reclamam da falta de especialistas em determinadas áreas. “Estamos ouvindo está situação das empresas, apresentando novidades nos cursos da Fundação Florestan Fernandes e estamos tentando uma parceria com o Senac para que outros cursos possam acontecer em Diadema, assim dando a mão de obra necessária”, disse Soares.
O inventário foi realizado entre setembro de 2015 e março de 2016. Na época, 4,5% das indústrias pensavam em deixar Diadema, ou deixar a região ou mesmo fechar. Para Soares, o papel da Prefeitura está em ouvir as empresas que estão passando dificuldade para encontrar soluções.
Novidades
Além dos planos que serão realizados a partir deste estudo, a Prefeitura diademense também planeja duas mudanças para atrair mais indústrias para o município. A primeira vai de encontro às mudanças no Plano Diretor em torno do zoneamento da cidade, assim abrindo novas áreas para a instalação das novas empresas.
A segunda novidade será a criação do Certificado de Potencial Adicional de Construção (CEPAC). A intenção é usar algumas avenidas de Diadema para dar incentivos fiscais para a instalação de indústrias. O programa já existe na capital, inclusive o prefeito Lauro Michels (PV), visitou a São Paulo Urbanismo para saber sobre mais detalhes sobre o assunto.
Região
Em entrevista ao RDtv, Leandro Prearo relembrou a pesquisa realizada em 2015 em São Bernardo, quando foi apresentado o mesmo cenário de Diadema. A USCS chegou a apresentar a proposta para fazer em toda a região, porém não houve avanço com as outras cidades. O professor também salientou a importância de uma maior participação do Ciesp na proposta.
“O Ciesp pode participar mais, pois muitas empresas não quiseram receber a nossa equipe, e eles podem demonstrar a importância do papel dessa pesquisa para o fomento da economia da região. As empresas podem se conhecer e podem se relacionar de uma melhor forma”, explicou Prearo.