O comércio varejista da região deve sofrer bastante ao longo do ano com o calendário 2017 recheado de feriados ou pontos facultativos prolongados, são 10 no total. Apenas em abril são três, Sexta da Paixão (14), Tiradentes (21), e na sequência, vem o Dia do Trabalho (1). Em Santo André o mês fechará com quatro feriados, já que o aniversário da cidade foi no sábado (8). O cenário não é nada favorável para os lojistas, que devem registrar um ritmo bem menor de vendas com perdas reais de 10% a 20% em cada data comemorativa do mês, de acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Segundo a entidade, abril já não é tão expressivo e, tradicionalmente, registra volume menor de vendas em relação ao resto do ano. O cenário, no entanto, poderia ser melhor se o País não tivesse num momento de crise. Para se ter ideia, no Brasil, o comércio varejista deixará de ganhar R$ 10,5 bilhões no ano por conta das datas comemorativas.
“O varejista vem sofrendo desde 2014. Com a crise, existem problemas nas finanças das famílias, não adianta feriado. Isso dificulta bastante, pois reduz o ritmo de vendas”, afirma o assessor econômico da FecomercioSP, Guilherme Dietze.
O empresário Mitso Utsumi, proprietário do restaurante Casa da Costela, em Santo André, está desanimado com o calendário cheio de feriados. No domingo de Páscoa, foi surpreendido com a diminuição das vendas. Por volta das 12h30 a casa tinha somente duas mesas ocupadas no estabelecimento.
“Sabíamos que não venderíamos tanto em razão da crise, este ano foi muito ruim. No mesmo feriado do ano passado vendemos três vezes mais”, lamenta Utsumi. O comerciante relata ainda que, aproximadamente, 60% dos produtos adquiridos especialmente para o feriado não saíram do estoque.
Luís Diogo Júnior, comerciante do ramo de calçados e moda esportiva, da loja Tasha Magazine, no Rudge Ramos, em São Bernardo, afirma que o mês não tem sido fácil. Os três feriados resultam em diminuição no quadro de funcionários, renegociação de aluguéis e queda real de 7% nas vendas de calçados de verão, que hoje já estão com descontos entre 20% a 30%. “Normalmente encontramos dificuldade nas vendas em março e abril, pois é transição de estações. Com a junção dos feriados e o frio que não chega, a dificuldade só aumenta”, pondera. A estratégia do lojista para amenizar a crise foi a diminuição das compras deste ano em aproximadamente 15%.
“O reflexo negativo nas vendas é maior no comércio de rua, já que o fluxo de pessoas diminui de forma significativa. Nos shoppings o giro é pouco melhor”, aponta o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, Sandro Maskio, ao acrescentar que nos feriados o prejuízo no comércio é maior, já que o sábado é o principal dia de vendas no setor.
‘Páscoa foi melhor que a de 2016’
A franquia da Brasil Cacau, no centro de Santo André, superou as expectativas no feriado de Páscoa. De acordo com a gerente da loja, Heloisa Guidetti, as vendas foram 10% superiores em relação a mesma data em 2016. Um fator que pode ter contribuído no resultado foi o feriado cair no meio do mês. “No ano passado a Páscoa foi no final de março, os consumidores não tinham recebido. Desta vez, as pessoas que receberam no final do mês e no quinto dia útil conseguiram comprar”, diz.
Variação até 20%
A Padaria Brasileira também registrou resultado positivo, com aumento de 6% no volume geral de vendas no feriado de Páscoa e variação positiva de até 20% nos produtos alusivos à data. No entanto, o proprietário da franquia, Antonio Henrique Alfonso Junior, tem receio para as vendas nos próximos feriados. “Espero que a temperatura caia para manter os consumidores na região. Se o clima persistir ameno ou frio, o feriado vem para nos ajudar”, diz.
(Colaborou Amanda Lemos)