O Programa Casa Abrigo, mantido pelo Consórcio Intermunicipal do ABC, é um serviço sigiloso e protegido para mulheres que sofrem de violência doméstica e correm risco iminente de morte. Com o objetivo de padronizar o processo de abrigamento nas sete cidades, um protocolo que orienta o atendimento e encaminha a mulher e filhos às unidades do Programa está sendo divulgado.
Com apoio das prefeituras, o Casa Abrigo caminha ao lado de órgãos públicos, como Unidades Básicas de Saúde, Polícia Civil e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). “Com o protocolo, os funcionários desses equipamentos estarão melhor preparados para encaminhar e atender essas mulheres”, afirma Margarete Paulino Ohmori, recém-eleita presidente do Conselho Gestor.
Dentro do documento, que contribui para resguardar as mulheres em situação de violência doméstica ou familiar, estão informações sobre as delegacias de apoio, portas de entrada para o programa, como se dá o processo de acolhimento, regras do abrigo, processos jurídicos, contato com familiares etc.
Acolhimento
Hoje, o serviço de proteção tem duas casas com lotação máxima de 40 pessoas. Atualmente, são abrigados 13 mulheres e 19 crianças. Margarete conta que a procura só cresce. “Hoje estamos quase no limite. Na semana passada houve um pedido de transferência de uma mulher e três filhos do interior, mas não pudemos atender por que não temos mais espaço”, conta. A presidente afirma que vai trabalhar para expandir o Grupo de Trabalho.
De acordo com Ohmori, a maior parte das mulheres atendidas são de São Bernardo, Diadema e Santo André. A faixa etária mais atendida está entre 19 e 29 anos, com 42% do atendimento. Dentre essas, 41% tem o ensino médio completo e apenas 1,5% chegaram ao ensino superior. Para Margarete, o aumento da procura é um bom sinal. “Isso significa que essas mulheres estão realmente buscando uma mudança de vida, tem coragem de dizer que são agredidas e procuram por socorro”, diz.
Além da residência e alimentação, o programa também trabalha questões de saúde, assistência social e jurídica, psicoterapia e faz a inserção da mulher no mercado de trabalho. Apesar da assistência, a presidente diz que o quadro ainda não é o ideal. “As pessoas não ficam aqui confinadas, mas de qualquer forma ainda estão sendo violentadas, já que não podem trabalhar e conviver em sociedade por conta de um agressor que está solto pelas ruas”, admite.
Desde 2004, cerca de 700 mulheres e 1,2 mil familiares menores de 18 anos já foram acolhidos pelo Programa Casa Abrigo.