“Eu nem sabia que o Doria é do PSDB!”. Essa frase foi proferida por José Serra durante as prévias que tinham por objetivo escolher o candidato tucano à eleição paulistana de 2016. Pois bem, o presente alcaide de nossa megalópole, não apenas venceu a contenda interna partidária daquele período, como vem tornando-se a opção mais viável para concorrer à sucessão presidencial pela agremiação tucana.
Nessa semana, no boliche eleitoral de Janot, os pinos de Lula, Michel Temer, José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin foram severamente derrubados. Nesse sentido, seus caminhos encontram-se divididos em terminar o mandato de prefeito municipal; concorrer ao Governo Estadual, matando as pretensões do vice-governador Márcio França e impondo-se definitivamente como uma grande liderança peessedebista; postular-se ao cargo máximo da nação mediante a inviabilidade eleitoral/jurídica dos caciques da social democracia brasileira.
Porém, mesmo com a crescente onda de apoio, inclusive do MBL, Doria possui a consciência de que, mesmo sendo o melhor nome para a disputa em questão, não teria condições políticas de viabilizar internamente sua candidatura. Mas, aparentemente, JD adestrou o cavalo da história para que passe continuamente celado à sua frente.
Em minha opinião, nesse mundo marcado por infortúnios e desesperanças que não param de bater à porta do povo brasileiro, o país mergulhado num verdadeiro e profundo atoleiro do qual nenhum nome tradicional da política possui credibilidade para retirá-lo, JD será alçado à condição de candidato por força e clamor da sociedade que aspira por mudanças estruturais e renovação de quadros. Circunstâncias que Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves deixaram de representar; assim, não há outro postulante dentro do campo liberal capaz de conter o discurso raivoso de Jair Bolsonaro e vencer Lula.
Desta forma, JD tornar-se-á o candidato a presidente por imposição dos setores produtivos que veem a necessidade premente e inadiável de reconstrução da república, fortalecimento das bases da economia de mercado e aprimoramento dos fundamentos e preceitos capitalistas. Ou seja, nesse momento, e por ironia da vida, o lugar e a hora certa pertencem a JD e não a Geraldo Alckmin.
Também podemos lembrar que a mira de Janot, na pista do escrutínio paulista, abateu os pinos de Paulo Skaf e Gilberto Kassab, deixando o pleito completamente aberto e sem candidatos naturais. Em todo esse contexto, o personagem agraciado pelo fenômeno JD e usufrutuário direto dos louros, será Bruno Covas, que herdará a execução do maior plano de investimentos que a cidade já presenciou, oriundo dos projetos de desestatização, tornando-se favorito na eleição de 2020 e renascendo ao protagonismo político, por mais uma vez, o sobrenome do avô ilustre.
No geral, os municípios do Estado de São Paulo transformaram-se em viveiros de prefeitos que se esforçam para adquirir contornos de “Dorias Jr.”; será que essa mania irá expandir-se por todo o território nacional?