Efetividade. Essa é a palavra que resume as novas pretensões do Consórcio Intermunicipal Grande ABC para os próximos anos. Em entrevista ao canal RDtv, o novo secretário executivo da instituição, Fabio Palacio (PR), criticou a apresentação de projetos feita pela antiga gestão e considera que o momento é de fazer a população local saber a necessidade de ter um grupo que trabalhe as propostas da região junto aos governos estadual e federal.
Engenheiro civil e advogado, Fabio Palácio afirmou que nos últimos anos o Consórcio teve poucas ações específicas para a população. Não conseguiu demonstrar para a população o resultado de suas ações por dois motivos. “No primeiro momento, não soube expor aquilo que produzia, é uma mudança que nós temos de fazer no nosso departamento de comunicação interno para apresentar de uma maneira diferente, com uma roupagem diferente muitas das ações”, apontou.
O primeiro exemplo dado pelo secretário executivo é a apresentação de Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), que ocorre mensalmente em parceria com o Dieese. Para o dirigente, o estudo deveria ser apresentado para empresários, comerciantes e representantes de entidades, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que possam ver o cenário da economia e participar das ações econômicas da região.
Outro ponto onde o Consórcio busca efetividade é na obtenção de recursos para conclusão das obras da região. A princípio a única verba garantida são R$ 14 milhões para a conclusão dos projetos executivos em torno do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana. Em 2016, foram recebidos apenas R$ 5,5 milhões.
Em 2014, a então presidente Dilma Rousseff (PT) assinou acordo para investir R$ 550,2 milhões em mobilidade. Até o momento, Rio Grande da Serra foi a única cidade que recebeu intervenções referente ao PAC – um corredor de ônibus e obras de pavimentação de vias. O município tem a promessa do governo federal de receber R$ 41 milhões.
“A visão dos prefeitos nessa nova administração, com base em toda crise financeira que muitos herdaram nas prefeituras, é de reduzir gastos indiretos do Consórcio e trabalhar mais especificamente na obtenção de recursos estaduais e federais. Portanto, série de ações está sendo tomada pelos prefeitos, via Consórcio, para aumentar a possibilidade de obter recursos”, informou o advogado.
Instituição quer sustentabilidade
Assim a primeira medida da entidade é a instalação em abril de um escritório em Brasília, denominado Casa do Consórcio. O objetivo é que a região se aproxime do governo federal para conseguir o recurso de maneira mais rápida. O novo braço deve custar R$ 20 mil por mês.
“A medida diminuirá a distância entre o ABC e uma série de ministérios e secretarias, em Brasília, com disposição de recursos, mas que muitas vezes nós do Consórcio não encontramos esses recursos, porque somos morosos na tramitação das negociações, na apresentação de projetos, enfim em todo o credenciamento para obtenção das verbas”, comenta Fabio Palacio (foto).
O Consórcio também convidou o governo federal para ocupar uma cadeira na Assembleia de Prefeitos, que acontece mensalmente, mas até o momento não obteve retorno do convite. Quem aceitou o convite foi o governo estadual, representado pelo subsecretário de Assuntos Metropolitanos, Edmur Mesquita.
O Consórcio também se credencia para obtenção de recursos do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), fundo que busca investimentos e obras em regiões de mananciais mais prioritariamente, mas em outras regiões também para obras de saneamento em estudos no Consórcio de macro e micro bacias. “São várias as obras que o ABC precisa avançar e nós estamos credenciando o Consórcio agora para a obtenção desses recursos”, disse.
Polo tecnológico
Outro projeto é a criação de um polo tecnológico para a região. Em fevereiro, Fabio Palacio visitou Florianópolis, capital de Santa Catarina com polo de tecnologia formado por pequenas e médias empresas desenvolvedoras de softwares. Segundo o secretário, o polo catarinense recebeu investimento da ordem de R$ 50 milhões e em 2016 as empresas retornaram à Prefeitura cerca de R$ 200 milhões em impostos.
Palacio afirma que o mesmo poderia ser feito no ABC, pois Santo André, São Bernardo e São Caetano estudam a construção de parques tecnológicos que poderiam funcionar em caráter regional. “Temos uma vocação industrial histórica na região. Por que não podemos mudar e colocar a tecnologia como outra vocação da região? Podemos fazer isso, não só com os parques tecnológicos, mas com a incubadora, com a universidade, podemos chegar nesse ponto”, acredita.