Apesar da crise econômica brasileira, a participação das mulheres no mercado de trabalho do ABC cresceu em 2016 na comparação com 2015, porém a ocupação feminina diminuiu no mesmo período. As informações são do boletim especial Mulher & Trabalho no ABC, da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em parceria com o Consórcio Intermunicipal.
Na pesquisa a participação feminina cresceu 1% na comparação entre 2015 e 2016. Enquanto no primeiro ano esse número ficou em 53,2%, no ano passado chegou 54,2%. Porém, o nível de ocupação caiu de 116,7% para 114,8% no mesmo período.
Na comparação entre homens e mulheres, a ocupação entre o primeiro grupo de gênero sofreu a maior queda atingindo o mesmo nível de 2006 – quando a média história começou a ser feita – passando de 105,9% para 100%.
O economista do Diesse, Cesar Andaku, não acredita que esse crescimento seja uma tendência para o primeiro semestre de 2017, pois a crise econômica ainda pode impactar em setores como indústria e serviços. “É um quadro que pode se arrastar nos primeiros seis meses deste ano, mas não sabemos qual setor será mais impactado. No momento é preciso ter cautela”, avaliou.
No comparativo de participação, os homens também sentiram a maior queda, passando de 69,9% em 2015 para 69,1% em 2016. “A indústria, que é o perfil da Região é tem maior participação masculina, foi o setor que mais sofreu durante a crise. Já o setor de serviços, que emprega mais mulheres, não foi tão impactado”, explicou
Por conta da crise econômica homens e mulheres tiveram redução de rendimentos, mas o público feminino foi o que mais sentiu a retração. Essa queda também distanciou os rendimentos. Em 2015, o rendimento médio por hora das mulheres correspondia a 78,7% do recebido pelos homens, proporção que passou para 75,3%, em 2016.
“Isso ocorre porque as mulheres, mesmo tendo escolaridade superior à dos homens, estão menos presentes nos cargos de chefia. Além disso, as jornadas de trabalho são menores e há filtros no momento da contratação, como questões sobre possíveis gestações”, exemplificou o economista.
Leila Luiza Conzaga, analistas de mercado de trabalho da Fundação Seade, afirmou que para mudar esse quadro é necessário que o poder público invista em creches e escolas de educação infantil, além de uma maior participação do homem na participação doméstica. “Hoje mulher está mais sobrecarregada, pois cuida de filhos e idosos. Muitas desistem do mercado de trabalho, pois não tem com quem deixar os filhos e o custo de uma escola particular é alto”, afirmou.