Especialista pede cautela sobre vacina contra febre amarela

O surto de febre amarela registrado em algumas regiões do Brasil colocou em alerta moradores de todo o país, que iniciaram uma corrida a postos de vacinação e clínicas particulares.

No entanto, apesar das notícias de aumento dos casos, não há motivo para desespero. Em entrevista ao RDTv, a infectologista Elaine Matsuda lembra que a vacina é recomendada apenas para quem vai viajar para áreas de risco e alerta que a imunização pode até representar perigo, dependendo do perfil do paciente.

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Infectologista Elaine Matsuda alerta que vacinação é recomendada apenas para quem vai viajar para áreas de risco (Foto: Raíssa Ribeiro)

“Não é uma vacina totalmente isenta de riscos, por isso tem que se pesar o risco e benefício de ser imunizado. Se você está [na região metropolitana de] São Paulo e não vai sair, não precisa tomar a vacina”, explica a especialista, que atua na rede municipal de saúde de Santo André.

De acordo com Matsuda, a vacina por causar efeitos graves em pessoas com saúde mais debilitada, “inclusive causando um quadro similar ao da febre amarela”. Por isso deve-se avaliar a real necessidade de vacinação em “idosos e pessoas com doenças que podem causar imunodepressão”.

Ou seja, uma pessoa idosa que não vai sair de São Paulo correrá mais risco tomando a vacina contra febre amarela do que ficar sem a vacinação.

Casos no ABC

As prefeituras da região enviaram nesta quarta-feira (1º/02) ao RD informações atualizadas sobre os casos de febre amarela no ABC. Em Santo André, São Caetano e Mauá não houve nenhum registro.

Em Diadema há dois casos, de um menino de 11 anos e de um homem de 60 anos, ambos que contraíram a doença em Minas Gerais. Em Ribeirão Pires há 1 caso suspeito, que está em investigação.

A rede municipal de saúde de São Bernardo atendeu um paciente que foi confirmado com febre amarela. A pessoa, no entanto é moradora de Diadema e contraiu a doença também em viagem a Minas Gerais.

Mapa divulgado pelo Ministério da Saúde mostra áreas onde moradores devem se vacinar; região metropolitana de São Paulo e litoral paulista estão fora das regiões de risco

Todos os casos registrados até agora, portanto, não são autóctones – quando a doença é contraída na mesma região em que a vítima reside. Exatamente por isso não há recomendação para vacinação em massa dos moradores do ABC contra o vírus.


Guerra ao Aedes

Durante a entrevista ao RDTv, a infectologista Elaine Matsuda ressaltou que o surto de febre amarela, apesar de não ser motivo para corrida desesperada aos postos de vacinação, serve de alerta para reforçar o combate ao mosquito Aedes aegypti.

“Não precisa chegar a febre amarela pra gente ficar em pânico e limpar o quintal. Já era para estar limpo. A responsabilidade por essas arboviroses é nossa. Mais de 90% dos criadouros fica dentro do domicílio das pessoas”, explica a especialista.

O Aedes aegypti é o responsável pela transmissão da doença na cidade. O último caso da chamada “febre amarela urbana” no Brasil foi registrado em 1942. Na mata, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes  é  que transmitem o vírus.

(Colaborou Amanda Lemos)

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