Algumas das medidas econômicas adotadas pelo recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem provocar efeitos negativos na economia do ABC e do Brasil. A avaliação é do coordenador do bacharelado em relações internacionais da UFABC (Universidade Federal do ABC), Giorgio Romano, que concedeu entrevista ao RDTv.
Uma das maiores preocupações do professor, que também integra o corpo docente de economia e pós-graduação em ciências humanas e sociais da UFABC, é o reflexo nos juros praticados no Brasil – que estão em queda, mas podem voltar a subir por causa do governo Trump.
“Trump promete investir pesado na indústria militar e na infra-estrutura, além de reduzir impostos para incentivar empresas americanas a produzir no próprio país”, explica o especialista. “Isso vai gerar necessariamente aumento do déficit público, que vai obrigar o FED [Banco Central americano] a subir os juros, provocando fuga de capital do Brasil, colapso cambial, aumento da inflação e levar o Banco Central brasileiro a elevar os juros também”.
Acirramento comercial
Outro efeito econômico negativo do governo Trump na região tem a ver com o fato de que o novo presidente norte-americano deseja que as multinacionais do país concentrem sua produção no território dos Estados Unidos.
Essa postura prejudica diretamente países como o México e a China, que exportam em grandes quantidades para os Estados Unidos. Os reflexos no Brasil (que mais importa do que exporta para os EUA) serão sentidos pelas empresas nacionais, que passarão a enfrentar uma maior concorrência de produtos que exportam em massa para os norte-americanos.
“As empresas multinacionais da região [como as montadoras, por exemplo], podem decidir usar a capacidade produtiva do México ao invés de produzir no Brasil”, explica o professor Giorgio Romano.
O especialista explica: “Se a China e outros países que estão exportando para os Estados Unidos terão mais dificuldade para vender seus produtos para lá, isso significa um acirramento comercial no Brasil também. O México, por exemplo, tem uma capacidade produtiva que os mercado interno nunca vai conseguir absorver”.
Intolerância
Durante a entrevista concedida ao RDTv, o coordenador do bacharelado em relações internacionais da UFABC, Giorgio Romano, falou também sobre o crescimento da intolerância contra imigrantes, vocalizada em figurar como novo presidente dos Estados Unidos.
“O Trump autoriza moralmente ser racista, agora você ‘pode’ falar mal de gays, dos negros e o impacto disso é impressionante. Agora o presidente da Argentina também começou a usar essa carta […]. O medo é que esse clima de intolerância chegue ao Brasil”.