Segundo a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), a estimativa de desvios de recursos da obra do Museu do Trabalho e do Trabalhador (MTT), em São Bernardo, é de R$ 7,9 milhões. O número foi divulgado após a deflagração da operação Hefesto, nesta terça-feira (13), que acabou com a prisão de oito pessoas, sendo dois secretários e um subsecretário da gestão do prefeito Luiz Marinho (PT). Não foram encontrados indícios de participação do petista no esquema.
Durante a entrevista coletiva concedida na sede da PF, na capital, a promotora Fabiana Bortz chegou a afirmar que caso a operação não existisse, o desvio de recursos federais oriundos da Lei Rouanet chegaria a R$ 19 milhões, cerca de R$ 2 milhões a menos do que o valor orçado para a obra e que está estampado na placa fixada na entrada do equipamento cultural.
Existe a suspeita de que a empresa Cronacon está envolvida no esquema. Inclusive foram apreendidos dois carros de luxo que estão em nome de Eduardo dos Santos e da própria construtora. A Cronacon foi a empresa responsável pela construção do Anexo II da Câmara são-bernardense, que chegou a ser alvo de suspeitas de alguns vereadores que tentaram emplacar em 2013 uma auditoria sobre os gastos na construção do novo prédio do Legislativo, porém a proposta não foi adiante por questões financeiras.
Foram expedidos pela 3ª Vara Federal de São Bernardo 32 mandados, sendo que oito de prisão temporária, inclusive para os secretários Alfredo Buso (Obras) e Osvaldo de Oliveira Neto (Cultura), além do subsecretário de Obras, Sérgio Suster. Mais oito mandados de condução coercitiva, entre eles para o vereador e ex-secretário de obras, José Cloves (PT), e mais 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, São Bernardo, Santos, Barueri e Rio de Janeiro, além da capital federal.
O Museu do Trabalho e do Trabalhador é uma obra que a princípio estava orçada em R$ 18 milhões e com a entrega prevista para janeiro de 2013. Após três prorrogações do contrato firmado para a obra, o equipamento não ficou pronto. O prefeito Luiz Marinho chegou a pedir mais R$ 3,5 milhões para concluir a obra até o final do ano, mas segundo o próprio chefe do Paço, o Ministério da Cultura afirmou que não tinha dinheiro para o recurso.
Na semana passada, em visita ao ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), o prefeito eleito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), indicou a possibilidade de entrar com uma representação ao Ministério Público para averiguar a obra antes de buscar a conclusão, algo que segundo o tucano também seria feito por Freire. Na sequência haveria a busca para buscar a destinação do Museu para transformá-lo em uma sede da “Fábrica de Cultura”, projeto do governo paulista.
Há duas semanas, a Câmara são-bernardense rejeitou um projeto de lei do Executivo que autorizava a Secretaria Municipal de Cultura a criar as regras do museu, assim finalizando a questão burocrática e garantindo a finalidade do equipamento. Foram 16 votos contra a propositura e seis favoráveis.