O vereador de São Bernardo, José Cloves (PT), foi uma das oito pessoas que foram conduzidas coercitivamente a sede da Polícia Federal (PF), na capital, nesta terça-feira (13), para prestar esclarecimentos sobre a obra do Museu do Trabalho e do Trabalhador (MTT) que está sendo alvo da operação Hefesta que investiga um suposto esquema de desvio de recursos do Ministério da Cultura para o equipamento cultural. “Surpreso” com o fato, o petista apenas afirmou que prestou esclarecimentos.
“Fui conduzido para a PF, lá na Lapa, e dei os esclarecimentos. Fui pego de surpresa, mas não foi nada grave para mim. Deixei todos os meus contatos e endereços para caso queiram outro esclarecimento, irei lá sem o menor problema”, afirmou o vereador poucas horas após voltar a São Bernardo.
Secretário de Obras da primeira gestão do prefeito Luiz Marinho, Cloves afirmou que não teve nenhuma relação com o Museu. “Eu saí em 3 de abril de 2012 (para ser candidato a vereador). O contrato da obra, se não estou enganado, foi assinado em junho. Até me perguntaram (na PF) se eu sabia da obra, se tinha assinado. Eu disse que sabia da ideia, mas que não participei do projeto em nenhum momento”, concluiu o vereador que não soube informar sobre outros membros que também foram conduzidos coercitivamente.
Operação
A operação Hefesta foi deflagrada na manhã desta terça.60 policiais federais e dez servidores da Controladoria Geral da Uniuão cumpriram 32 mandados expedidos pela 3ª Vara Federal de São Bernardo do Campo, sendo oito manados de prisão temporária, oito mandatos de condução coercitiva e 16 mandados de busca e apreensão na capital, Santos, São Bernardo, Barueri, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Foram presos o secretário de Obras, Alfredo Buso, o subsercretário da pasta, Sérgio Suster, e o secretário de Cultura, Osvaldo de Oliveira Neto. Além disso, foram apreendidos dois carros importados e R$ 300 mil.
O Museu do Trabalho e do Trabalhador foi idealizado para mostrar as lutas sindicais no ABC, principalmente a partir do final da década de 1970. A obra era para ser entregue em nove meses, o que não aconteceu. Segundo a placa instalada na frente do equipamento, o valor da construção é de R$ 21.119.204,04, e a última previsão de entrega era 31 de dezembro de 2016.
O prefeito são-bernardense, Luiz Marinho (PT), tentava conseguir mais R$ 3,5 milhões para a conclusão do Museu, mas segundo o petista, o Ministério da Cultura afirmou que não tinha dinheiro no momento para fazer o repasse.
O prefeito eleito, Orlando Morando (PSDB), tenta transformar o local em uma unidade da “Fábrica de Cultura”, projeto do governo estadual. Em conversas com o ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), o tucano salientou a necessidade de levar o caso ao Ministério Público para averiguar a obra antes de qualquer mudança.
Há duas semanas, a Câmara de São Bernardo rejeitou um projeto do Executivo que autorizava a Secretaria de Cultura a criar as regras do Museu do Trabalho e do Trabalhador, fato que iria concretizar toda a parte burocrática. Foram 16 votos contra a proposta e seis favoráveis.