As disputas nas quatro cidades da região onde ocorre segundo turno têm uma característica em comum. Todos os candidatos que ficaram em segundo lugar no primeiro turno enfrentaram o desafio de reduzir vantagens folgadas em relação aos primeiros colocados.
Cada um adotou estratégias distintas para tentar alcançar o objetivo. Quem ficou na frente no dia 2 de outubro procurou administrar a vantagem e anular o discurso do adversário.
Santo André
Uma entrevista concedida pelo prefeito Carlos Grana (PT) minutos depois do resultado do primeiro turno ter sido divulgado deu o tom de como seria a estratégia do petista na segunda etapa da disputa: tentar colar em Paulo Serra (PSDB) a imagem de traidor e incoerente.
Nos três debates realizados no segundo turno e nas entrevistas e sabatinas, Grana reiterou por diversas vezes que Paulinho foi secretário dessa gestão, que mudou mais de uma vez de partido, que traiu sua confiança e que iria governar somente para as elites.
Na rua, a estratégia do petista foi concentrar quase todas as forças na periferia da cidade. A coordenação de campanha considera que dificilmente conseguiria ganhar votos no centro, que tradicionalmente escolhe candidatos contrários ao PT.
Paulinho apostou na rejeição e no desgaste do PT para manter a dianteira e faturar a disputa no dia 30. Acusou o prefeito de ter traído a cidade e sempre usou como justificativa para ter saído do governo o fato de a gestão ter se tornado “mais petista que andreense”.
O candidato tucano adotou com ainda mais intensidade o discurso da “esperança”, da “mudança” e da “eficiência na gestão” e conquistou apoio dos ex-candidatos Ailton Lima (SD) e Rafael Daniel (PMDB), além de ter recebido a visita de Geraldo Alckmin nesta quinta-feira.
São Bernardo
A falta de embates no primeiro turno foi suprida na segunda etapa da eleição em São Bernardo. Alex Manente (PPS) e Orlando Morando (PSDB) trocaram farpas e acusações nas últimas quatro semanas. Apoios políticos foram os principais focos de ambos, principalmente em relação à participação dos partidos de esquerda em suas respectivas alianças.
A troca de farpas começou no primeiro dia pós-primeiro turno, quando Morando recebeu o apoio formal do PCdoB à sua candidatura. A legenda, que no primeiro turno apoiou a candidatura de Tarcísio Secoli (PT), migrou para o tucano, que se apresentou como um “anti-petista”. Manente aproveitou para lembrar a forte parceria comunista com o PT em âmbito nacional.
Na sequência vieram os apoios de vereadores e outros membros petistas à candidatura de Alex Manente, mesmo após o PT declarar neutralidade. Orlando Morando aproveitou o fato para dizer que Manente era uma espécie de “plano B” do Partido dos Trabalhadores e que o deputado federal era um prefeiturável apoiado pela gestão de Luiz Marinho (PT), atual prefeito.
Diadema
O segundo turno entre os candidatos a prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV) e Vaguinho (PRB), foi marcado pela troca de ataques. O atual gestor da cidade focava nas críticas às propostas do vereador. O republicano mirava nos questionamentos aos números da Prefeitura ditos pelo verde.
Durante os encontros e sabatinas, Michels buscou descontruir o plano de governo de seu adversário. A sua principal crítica vem em torno da proposta de reduzir em 10% a tarifa do transporte público da cidade, que atualmente está em R$ 3,80. Para o verde, Vaguinho não apresentou os estudos técnicos para mostrar a viabilidade de sua promessa.
O candidato de oposição fazia duras críticas aos números da Prefeitura citados por Michels durante todos os debates. O principal questionamento foi sobre o número de vagas em creches. O atual prefeito afirma que criou mais de 13 mil vagas e o republicano afirma que o número é cerca de 50% menor do que o relatado.
Mauá
O prefeito de Mauá e candidato à reeleição, Donisete Braga (PT), enfrentou neste segundo turno os desafios de perder aliados para o seu adversário, Atila Jacomussi (PSB), e ao mesmo tempo tentar reverter a vantagem que o concorrente teve no primeiro turno. Em relação às outras cidades da região, Mauá foi a que teve menos debates. Apenas um foi realizado, do portal G1, nesta quinta-feira (27).
A falta de encontros entre os prefeituráveis foi motivada principalmente pela estratégia de Atila de administrar a vantagem e tentar evitar exposições. A Rádio Bandeirantes, por exemplo, convidou ambos os candidatos para participar de um debate, mas o candidato do PSB recusou.
Nos últimos dias de campanha, Donisete passou a reforçar o elo entre a família Damo e Atila Jacomussi. A equipe do petista passou a divulgar de forma intensa, em caminhadas, mensagens de carros de som e panfletos, que a vice de Jacomussi é Alaíde Damo (PMDB), esposa do ex-prefeito Leonel Damo (PMDB).
Enquanto isso, Atila contabilizou apoios dos ex-candidatos Márcio Chaves (PSD) e Rogério Santana (Rede) e recebeu a visita do governador Geraldo Alckmin, na última terça-feira (25). Donisete conseguiu apoio do ex-candidato Clóvis Volpi, que foi expulso do PSDB depois de se aliar ao petista.